Jornal da Praceta


Informação sobre a freguesia de Alvalade

(Alvalade, Campo Grande e São João de Brito )

Poluição

 

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Lixeiras de Lisboa quem não as tem à porta?

Não Importa o lugar a falta de civismo está bastante generalizada. Apesar desta afirmação, é consensual que se tem registado melhorias na relação do municipes com o espaço público. A principal alteração está na atitude de quem vê outro emporcalhar, é este o termo. Não foi há muito tempo estas ações eram observadas com alguma indiferença, hoje são alvo de frequentes reparos. Dir-se-á que é pouco, mas parece-nos pelo contrário uma profunda mudança.

 
 

Arquivo

As lixeiras em Lisboa surge por todo o lado, mesmo onde menos de espera, como é , caso desta nas traseiras da Igreja e paróquia do Campo Grande, junto a uma estação de lavagem de automóveis e a um supermercado (Superbrasil), que entretanto fechou (Maio de 2014).

 
 

 

Esta lixeira surgiu em plena Avenida do Brasil, junto ao jardim do Campo Grande (Maio de 2014)

 
 
 

Antologia do Lixo de Lisboa

(Nota Cultural)

As lixeiras e a falta de higiene em Lisboa são mundialmente conhecidas.  Desde o século XVI que muitos estrangeiros que nos visitaram ficaram impressionados com a porcaria nas ruas da cidade. A CML não podia, como é óbvio, ignorar esta tradição alfacinha, é por isso que contra todos os protestos dos moradores mantém a tradição de permitir a acumulação de lixo na freguesia de Alvalade.

A tradição em Lisboa continua a ser aquilo que era. Desta forma se alimenta também ratos, ratazanas e todo o tipo de bicharada. Em toda a Europa não existe uma capital mais ecológica.

"Cristão, muçulmanos e Judeus na Lisboa Medieval"

"Razão para tamanha agloração (em Lisboa) era que não havia entre eles nenhuma forma de entrave, pelo que cada um se dava a lei que queria, de tal modo que de todas as partes do mundo, os maiores viciados para aí convergiam como para uma sentina, viveiro de toda a licenciosidade e imundice", Cruzado Inglês R., 1147.

Calhandro, século XIX. Museu da Cidade

Calhandros e Calhandreiras

Entre os séculos XV e XIX, a população negra (escrava) de Lisboa era usada na limpeza das imundices da cidade. No século XVIII, os despejos eram feitos pelas calhandreiras que transportavam até ao Rio Tejo potes altos, os calhandros, com com dejetos. O Senado de Lisboa, em 1757, atribuiu a cada bairro negras (calhandreiras) para efectuarem o serviço de limpeza. Nas pausa deste durissimo serviço, a conversas entre as calhandreiras, tornou-se sinónimo de bisbilhotice, coscuvilhice. Exposição: Lisboa Plural, 2019, Museu da Cidade.

Gravura, artista anónimo, 1826. Uma despeja o calhandro no Rio Tejo enquanto a outra descansa. Museu da Cidade

Ratos de Qualidade

"Uma viagem em Portugal ou em Espanha equivale a uma campanha militar: falta de víveres, emboscadas, perigos, incomodidades, acampamentos. Encontra-se de tudo menos a glória.

Acreditava que os Portugueses, só que fosse pela inimizade que sentem pelos Espanhóis e pelo prazer de estar em contradição com os seus vizinhos, deviam ser mais asseados, mais requintados e estar mais comodamente instalados do que eles. Ai de mim! Eles são em tudo os rivais dos Espanhóis.

Para vos dar uma ideia das estalagens de Portugal, dir-vos-ei que a noite passada, na Moita, os ratos devoraram uma grande galinha da Índia que eu tinha levado para o meu quarto, e da qual nem sequer deixaram os ossos. Os nossos lobos são menos vorazes que os ratos das estalagens deste País.".

José Pecchio, carta datada de 9 de Fevereiro de 1822, publicada em Cartas de Lisboa-1822. Livros Horizonte. Lisboa.1990  

 Quando os cães estavam ao serviço da CML

"Jorge Landmann, um oficial inglês que esteve em Portugal durante as invasões francesas, conta, em Historical, military and pictures que observations in Portugal, publicada em Londres, em 1821, que a convenção de Sintra salvou a vida a muitos cães! E explica:

Junot, para terminar com a perigosa e incomodativa situação dos cães andarem de noite, pelas ruas de Lisboa, lutando, ladrando e uivando, ordenou a sua matança. Muitos foram mortos e mais seriam se o general francês, após a assinatura daquele tratado, não se tivesse retirado do país.

Muitos portugueses - acrescenta Landmann - consideraram aquela ordem não só um acto cruel mas também prejudicial. Mortos os cães, desapareciam os funcionários da limpeza urbana. Para sobreviverem, aqueles animais semi-selvagens devoravam os detritos e imundícies que empestavam as ruas da capital.", nota de rodapé de Manuela Simões, in Cartas de Lisboa-1822, de José Pecchio. Livros Horizonte. Lisboa. pp. 36-37.
 

Um historiador insuspeito, Albino Lapa, descreve-nos desta forma Lisboa em fins do século XVIII: "As casas estão sujas; os piolhos, os percevejos e insectos de toda a espécie tornam a estadia insuportável (para viajante).As ruas estão cobertas de imundices, sem quaisquer luzes, a não ser as que iluminam algumas Virgens; infestadas de cães, que passam toda a noite a ladrar; só Lisboa tem mais de 80.000 cães nas ruas; estão inundadas de ladrões, de dejectos de bacios de noite, de cães e de polícias", in História da Polícia de Lisboa, vol.II.pp.23-24.

Lá Vai...

Existe uma longa tradição lisboeta de lançar na rua todas as imundícies, o hábito não é de hoje. Esta prática está amplamente documentada e foi sempre um dos aspectos que mais chocam os estrangeiros que nos visitam. 

"De dia para dia Lisboa ganha em beleza e possui habitações de agradável aspecto. Não obstante, Lisboa nunca será uma bela cidade enquanto não estiver limpa de imundícies e dotada de lanternas para iluminação das ruas durante a noite. As casas não possuem latrinas e são as pretas que transportam das habitações os potes dos despejos. Porém quando o tempo ameaça aguaceiros, despejam-se os dejectos da janela à rua, o que torna as ruas de Lisboa pouco transitáveis durante a noite, porque além do nojo de receber um tal baptismo ainda por cima se corre o perigo de ser morto pelos potes que muitas vezes baldeiam à rua com o seu conteúdo.

Um amigo meu, tendo estado retido no palácio real até muito tarde, ao sair, debaixo de chuva, foi presenteado com este mimo pelas damas da corte que muito embora sejam de uma beleza perfeita aquilo que delas lhe deram não cheirava mais a almíscar que o aroma com que o granadeiro das guardas-francesas perfumava o velho Delfim. O meu pobre amigo, ao tirar um lenço da algibeira da casaca onde distraidamente havia guardado a bolsa, deixou-a cair sem dar por isso e assim perdeu quarenta moedas de ouro e um belo diamante que nela guardava. Levará muito tempo para esquecer o presente das damas de honor da rainha de Portugal. Tendo narrado a sua aventura ao Secretário de Estado, este ministro teve a bondade de lhe conceder uma indemnização, mas o diamante a bolsa nunca mais as viu."

Charles Fréderic de Merveilleux, Memórias Instrutivas sobre Portugal (1723-1726), in O Portugal de D. João V visto por três forasteiros (1989). Lisboa. Biblioteca Nacional. Série Portugal e os Estrangeiros.

As Históricas Lixeiras do Campo Grande

Há hábitos que resistem ao tempo, atravessam gerações e parecem ser imunes aos contextos históricos. Um dos nossos colaboradores descobriu, numa das bibliotecas do bairro, um destes casos singulares. 

O olissipógrafo Ralph Delgado, publicou, em 1969, uma pequena mas muito útil história sobre o Concelho dos Olivais. Embora só tenha sido criado a 11 de Setembro de 1852, a sua origem remonta a 6 de Maio de 1367, quando o arcebispo de Lisboa, D. João Anes, criou a Freguesia dos Olivais, cuja área compreendia todo o Termo de Lisboa. Apesar das muitas desanexações que sofreu ao longo dos séculos, ainda no século XVIII, a sua área era enorme nos arredores de Lisboa. Quando foi criado o Concelho do Olivais integrava 22 freguesias, entre as quais se contava justamente a dos Santos Reis Magos (a actual Freguesia do Campo Grande). Recorde-se que entre 1855 e 1858, os Paços do Concelho funcionaram no antigo Palácio  do Marquês de Valença ao fundo do Campo  Grande. Quando foi extinto, em 1885, uma parte da sua área foi integrada no Concelho de Lisboa, outra no então criado Concelho de Loures, e outra ainda no Concelho de Mafra. 

Ralph Delgado estudou como ninguém até à altura, a documentação que subsiste do citado concelho, e procurou identificar os principais problemas com que a sua vereação se debatia nas freguesias. É significativo assinalar que entre os poucos casos que particulariza, dois deles se referem justamente à freguesia do Campo Grande.

O primeiro é o das crónicas inundações que aqui ocorriam quando começava a época das chuvas: ficava tudo alagado. Esta Câmara mandou proceder à construção de um sistema de canalizações, a fim de evitar a repetição destas situações. O que infelizmente não se veio a verificar. 

O segundo, diz respeito às severas medidas que a Câmara se viu obrigada a tomar para "proibir os despejos" que tornavam o Campo Grande "numa lixeira insalubre" (sic). Havia porcaria por todos os lados.

Ralph Delgado (1969), A Antiga Freguesia dos Olivais. Lisboa. CML

D.Pedro II é chamado a intervir

Uma belissima história sobre ratos ...

 
 

 

Ficha técnica sobre ratos 

 

 Prémio Rattus Norvegicus ( um projecto a relançar)

 

Estudo Sociológico Inédito em Portugal

O que leva um habitante de Lisboa emporcalhar alegremente as ruas da cidade? a destruir com enorme naturalidade os espaços públicos? Jornal da Praceta convenceu um experiente investigador português a abordar o assunto, impondo todavia duas condições: 1º. o  estudo incidiria sobre uma área específica do Campo Grande; 2º. Os apontamentos e observações de campo, e no final as conclusões seriam publicados neste local. Não foi fácil o acordo, mas o entendimento foi possível.

Trata-se de um estudo realizado segundo uma metodologia científica definida como "observação participante", isto é, o investigador integra-se numa dada comunidade, participa na sua vida quotidiana de modo a ser assumido como um dos seus membros. Desta forma o investigador está mais apto a poder descrever e compreender comportamentos que em muitos aspectos seriam  tomados como aberrantes para um observador mais distanciado. A identidade deste investigador será mantida no mais absoluto segredo.

Entrevista 1 - Lixeiras

Entrevista 2 - Cães, Gatos e outros animais

Entrevista 3 - Varandas Lisboetas

 

 
 

Parece mentira, mas não é !

Andar de habitação transformado em pombal na Rua Afonso Lopes Vieira

Quem passava nesta rua vindo da Avenida do Brasil,  não podia deixar de reparar num prédio cujas varandas estavam tapadas com plásticos e outros materiais. Dir-se-ia que os moradores têm horror à luz do dia, mas a razão é outra. Aquilo que os moradores procuram evitar por todos os meios era a entrada de pombos nas suas habitações. 

Na verdade, no nº54-2º.Dtº., na Rua Afonso Lopes Vieira, um inquilino com a conivência do proprietário do edifício resolveu transformar o andar num pombal.  A entrada das aves nesta habitação fazia-se tanto pela fachada como pelas traseiras, através de portas abertas e de janelas com vidros partidos. A abundância de pombos nesta zona da cidade, alimentados por muitos moradores, transformava o local num verdadeiro foco de doenças. 

Os moradores preocupados com o problema alertaram as entidades oficiais, mas estas nada fizeram. O próprio Jornal da Praceta desde 2001 divulgava a sitaução e pressionava tudo o que eram serviços públicos para agirem, mas sempre com resultados nulos.

Acontece que quer a CML, quer os serviços centrais do Estado, especializaram-se na publicação de folhetos informativos sobre a necessidade de se combater a praga dos pombos, mas quando é preciso agir e isso implica sair dos gabinetes, dirigentes e funcionários públicos, remetem-se ao mais profundo silêncio. Não estão lá para servirem a comunidade que lhes paga. Agosto de 2007.

Nota: a questão só foi resolvida vários anos depois desta noticia com a "morte" do columbófilo....

 
 

Lembra-se ?

Desde que Santana Lopes foi eleito presidente da CML, em 2001, que os lisboetas se interrogam sobre o significado do símbolo que foi escolhido para a cidade. Como é sabido desde pelo menos o século XVI que no símbolo da cidade esteve sempre representada a Nau que trouxe o corpo de S. Vicente para Lisboa acompanhada por dois  corvos. 

Todos sabemos que Santana não prima pelo seus conhecimento históricos, musicais, literários e muitíssimos outros. Por isso todas as confusões são admissíveis.  Mas o que quererá significar o símbolo que escolheu para Lisboa?. Consultamos o seu batalhão de assessores e directores, e descobrimos que afinal a resposta era simples, mas significativa:

Trata-se de uma abreviatura de LX . O que facilmente se associa a LIXO, com mais dificuldade a LIXOBoa. Em todo caso a imagem que fica é de Lixo-Lisboa ou Lisboa-Lixo. 

Quererá isto dizer que vamos finalmente ter uma  higiene urbana em condições ? ou apenas o reconhecimento de uma tradição secular?  

 
 

 

 

Antiga Freguesia do Campo Grande (extinta em 2013)

 

Ainda há pouco tempo as lixeiras eram tantas no Campo Grande que uma vereadora da CML  constatava que a situação já estava a pôr em risco a saúde pública. A situação melhorou, é um facto. Percorrendo a freguesia saltava de imediato à vista o seu estado de abandono. A CML não limpava o que devia de limpar. A Junta não actuava como devia de actuar.  A sede da Junta, situado mesmo em frente da Faculdade de Ciências de Lisboa, junto ao Museu da Cidade, era um exemplo acabado da mentalidade dos autarcas que a dirigiam.

 

O edifício estava rodeado de lixo. Na enorme lixeira que se podia observar da rua, podia ver-se um pouco de tudo: barracas, entulho de obras, latas, pneus velhos e até material altamente combustível. Para o munícipe era um exemplo a seguir, para o turista que nos visita uma  das imagens mais degradantes de Lisboa que a CML prometeu acabar. 

Imagens da barracaria e lixo que rodeava Junta de Freguesia do Campo Grande.Foto: 2003

A Junta de Freguesia do Campo Grande sempre se mostrou indiferente perante as lixeiras na freguesia, uma atitude que estimulava a sua proliferação. Foto:2003.

Em Março de 2003, após dois anos de campanha do Jornal da Praceta, a Junta resolveu finalmente limpar o local.

Nota: A CML, em 2001, fez também uma limpeza geral na Freguesia do Campo Grande, em grande parte devido a uma campanha do Jornal da Praceta. Os resultados, todavia, foram muito modestos.

 
 

 

Antiga Freguesia de S. João de Brito (extinta em 2013)

 

"Bairro de S. João de Brito". Era e é impressionante o estado de degradação desta zona da cidade. Lixeiras por todo o lado, restos de barracas, casas em ruína, fossas a céu aberto, tráfico de droga, etc. O panorama é deprimente numa capital europeia. Ver a nossa reportagem de 2004, embora a situação ainda se mantenha em 2019...  

As lixeiras nesta freguesia eram noticia frequente na comunicação social:

 

Avenida Almirante Gago Coutinho. A enorme quantidade de lixo espalhado junto ao passeio desta avenida, perto do cruzamento com a Rua Rodrigo da Cunha tem provocado um coro de protestos dos moradores e transeuntes habituais. O Jornal da Região-Lisboa Norte (3/9/2001) dá conta da transformação da  zona envolvente do jardim virado para o Largo Francisco Franco num depósito de lixo doméstico. À falta de civismo junta-se, neste caso, a incúria dos serviços camarários e o resultado é um ambiente degradado.

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Talude situado na continuação da Rua Conde Arnoso. Junto a um infantário, nas traseiras da Escola Secundária de Padre António Vieira e da sede da Junta de Freguesia de S. João de Brito, este talude ameaça desprender-se a qualquer momento, subterrando tudo o que encontrar pela frente. Há mais de dez anos que a CML vem sendo alertada para a situação, mas não actua como lhe compete. O local é uma autêntica lixeira, e segundo os moradores, ponto de encontro de marginais e toxicodependentes (Jornal da Região-Lisboa Norte 15/10/2001).

 
     
   
   
 
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