|
|
|
Anterior |
Escola Secundária Padre António Vieira |
O que há de comum entre o Padre
António Vieira e São João de Brito ?
Ambos são jesuítas e dão nome a
dois edifícios emblemáticos na freguesia de alvalade: um a uma igreja o outro
a uma escola secundária.
|
Padre António Vieira (1608-1697)
Padre Jesuíta, Missionário, Pregador,
Escritor, Diplomata e Político. Nasceu em Lisboa, mas foi para o Brasil com
apenas 6 anos, onde frequenta o Colégio dos Jesuítas da Baía e com quinze
anos ingressa na Ordem. Aos 18 anos já ensina retórica no Colégio de
Olinda. Ordenado aos 27 anos, três anos depois, lecciona Teologia no Colégio
de São Salvador.
Em 1641 é designado para fazer parte da comitiva que vem
a prestar a vassalagem da província do Brasil a D. João IV, conquistando
desde logo grande prestígio junto da Coroa. A sua liberdade de pensamento,
trouxe-lhe inúmeros problemas com a Inquisição.
Uma das lutas fundamentais por que se
bateu foi contra a escravatura e contra a sede de ambição e domínio dos
colonos do Brasil. Defendeu também uma política fundada no poder económico
da burguesia mercantil.
Desempenhou importantes funções de
embaixador diplomático em Paris, Haia, Londres e Roma, nomeadamente na
consolidação da restauração da independência de Portugal.
Como escritor, os seus Sermões, peças impares da prosa barroca portuguesa, aliam a grande capacidade de análise racional, de bom senso,
clarividência, aliado a um misticismo profético.
A edição mais completa das suas obras
é de 1854-1858, compreende 26 volume, contendo cerca de 200 sermões e vários
ensaios de carácter social, político e literário. De entre os seus inéditos
entretanto publicados, conta-se a História do Futuro |
Duas ou três coisas
sobre...
S. João de Brito (1647 -1693) |
Filho de Salvador de Brito Pereira, de Vila Viçosa,
trincheiro-mor do senhor D. João IV, e de Dona Brites de Portalegre,
nasceu João de Brito, em Lisboa, na calçada de S. André (Costa do
Castelo), no primeiro de Março de 1647. De ascendência fidalga, deste menino cujo seu destino natural era ser pagem na Corte. O
país vivia então uma prolongada guerra com Espanha, em resultado da
restauração da Independência (1640). João de Brito já entrado na adolescência,
é vítima de uma grave enfermidade. A sua cura marcou uma viragem na sua vida, dado que para dar cumprimento à promessa de sua mãe, teve
que vestir o hábito de S.Francisco Xavier.
No ano
que sobe ao trono D. Afonso VI, 1662, a 17 de Dezembro, entra no noviciado da
Companhia de Jesus em Lisboa. Faz estudos em Évora e Coimbra, será professor no
Colégio de Santo Antão, em Lisboa, mas o sonho dele é a Índia. No
ano de 1668, pede ao Superior Geral que o deixe ser missionário.
Entretanto, passam os anos, consolida-se a vocação, ordenado sacerdote
(1673) e recebe com alegria o mandato de partir as missões da Índia, não obstante a
intervenção do núncio apostólico, solicitado por influências da
Corte movidas a rogos de sua mãe. Partiu a
25 de Março de 1673 numa expedição em que vão 27 jesuítas (16
portugueses, 1 romeno, 1 italiano, 1 siciliano, 1 de Trento, 1 saboiano,
1 inglês, 2 belgas e 1 bávaro), sendo capitão-mór Rodrigo da Costa.
Uns destinam-se à China, outros como João à India.
No ano de
1674, desembarca em Goa, a grande capital do Oriente. Logo vai fazer
visita ao túmulo de S. Francisco Xavier. A missionação na
Índia como é sabido pode caracterizar-se em várias fases: a 1ª (de
1498 a 1542) é marcada pela actividade dos franciscanos e dominicanos.
A 2ª. corresponde à estadia de S. Francisco Xavier, durante uns 6 a 7
anos, antes de partir para o Japão. Xavier limitou-se à costa
marítima, passando ao lado da civilização hindú. A 3ª. fase é
marcada pela chegada de novas Ordens e congregações religiosas, mas em
que pouco se altera a postura anterior. A 4ª fase, os
missionários, como João de Brito, adoptam um modo de viver, vestir e
de comer dos "pandarás-suamis", género de penitentes aceites
por todas as castas da Índia. Com este novo método os missionários
aumentam a sua aceitação.
Em Abril de 1674 entrou na missão do
Maduré, na qual abraçou a vida austera e penitente dos pandarás-suamis,
a fim de evitar a repugnância dos indianos cultos pelos missionários
associados à conversão dos párias, a casta mais desprezada da Índia
que tornava imundos os que com eles contactavam. A sua figura é
emblemática do novo método de evangelização seguido na Índia pelos
missionários. Na mão segura uma cana de bambú, veste roupão cor de almagre, calça palmilhas de madeira.
Em doze anos de
apostolado governou a residência de Colei, passou aos reinos de Ginja e
de Travancor, atravessou a pé, e muitas vezes descalço, o continente
Índico e percorreu a costa da Pescaria e de Travancor e esteve muitas
vezes a ponto de perder a vida.
Em
1685, seria nomeado superior da missão de Maduré. Esperam-no tribulações
e sacrifícios. No território de Muravá, é sujeito ao suplicio da água
e açoites. O régulo interdita-o de aí pregar. Em 1686 desencadeou-se violenta
perseguição no Maravá. Correndo a apoiar os cristãos, foi preso
pelo chefe das milícias do reino, que o sujeitou enormes torturas e o
condena a ser empalado. Mas era precisa confirmação desta sentença pelo soberano, a cuja presença
João de Brito foi levado. Porém o rei, depois de o sujeitar a interrogatório sobre
a doutrina que pregava, restituiu-o à liberdade, impondo-lhe que não
voltasse a entrar no Maravá.
Partiu para o
Malabar, cujo provincial o mandou como procurador à Europa, a fim de em Lisboa e em
Roma informar o que se passava nas missões . Chegou a Lisboa a 8 de
Setembro de 1687. O novo rei Pedro II, por motivos políticos não autorizou a viagem a
Roma. João de Brito percorre então as principais casas dos jesuítas
em Portugal procurando reunir apoios para a missão no Oriente.
Ultrapassando
todos os obstáculos volta a partir para a Índia a 8 de Abril de 1690 com 25 novos missionários, sendo 14 portugueses. Entrou em Goa a 2 de Novembro.
É nomeado visitador do Maravá e aí trabalha cerca de ano e meio. Os convertidos
ao catolicismo atingem os oito mil. Entre eles contava-se um príncipe da casa real,
baptizado a 6 de Janeiro de 1693.
Corre célere a fama do Apóstolo do Malabar, Não
lhe esmorece o entusiasmo. Os poderosos locais olham-no com
desconfiança. A condenação não tardou. Bastou que João de Brito que
tivesse ido outra vez à terra de Maravá para que o governador Ranganadevem o acusasse de desobediência e o
condenasse à morte . O martírio chegou no alto do monte sobranceiro ao rio Pamparru, à vista de Urgur. Decapitado foi em Fevereiro de
1693. O cadáver é amputado de pés e mãos, sendo os despojos dados
às feras e aos abutres. Os cristãos puderam ainda recolher o crânio e alguns ossos. O
cutelo da execução obteve-se do verdugo mediante grossa soma de
dinheiro. Contido numa bainha de filigrana de prata foi trazido para
Lisboa e oferecido a D. Pedro II, que o confiou à guarda da Companhia de Jesus,
no Colégio de Santo Antão. O local do martírio começou logo a ser venerado pelos cristãos.
Séculos mais
tarde coube ao Papa Pio XII canonizar o santo missionário português, assinando de modo sublime na história
da Igreja urna página de gesta heróica. A canonização realizou-se a
22 de Junho de 1947. Na audiência concedida, no dia seguinte, à peregrinação
portuguesa que assistiu à canonização, Pio XII evocou as legiões de missionários
portugueses.
Carlos Fontes

"João de Brito catequizando os Indianos". Pintura sobre
óleo, datada de 1865 e da autoria de Manuel Maria Bordalo Pinheiro. |

Imagem da Sé de Portalegre, oferecida pela família de
João de Brito, por ocasião da sua beatificação (1852).
|

Imagem de S. João de Brito na fachada da Igreja
e na Freguesia com o seu nome em Lisboa.
| 
Selo comemorativo do 3º.centenário do nascimento de
S. João de Brito (1947) |
|
|
| | |
|
|