Judaísmo em Portugal

Carlos Fontes

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Portugueses Vitimas da Inquisição Espanhola

(1479 -1834)

Carlos Fontes

 

 

 

 

 

Quando se fala da Inquisição espanhola na América, raramente se refere que a maioria das suas vítimas eram portugueses. A maioria era acusada de judaísmo, mas muitos outros de heresia, blasfémia, sodomia, bruxaria, etc.

O objectivo dos inquisidores era sempre o mesmo: combater a presença portuguesa na Espanha e seus domínios, apoderando-se dos seus bens. Milhares de famílias foram destroçadas e espoliadas.

A inquisição Castelhana foi criada em 1478, sendo logo seguida da inquisição aragonesa. Não tardou a surgir em toda a Espanha uma vasta rede de tribunais da inquisição, que se estendeu no século XVI às suas colónias.  

Depois da Espanha ocupar Portugal, em 1580, largos milhares de portugueses vislumbraram neste país grandes oportunidades de negócio. A troco de uma enormes somas de dinheiro, obtiveram autorização para se estabelecerem em Espanha. Ao mesmo tempo continuaram a infiltrarem-se aos milhares nas suas colónias, onde possuíam enormes comunidades, apesar de estarem proibidos de aí se fixarem

Um destes acordos foi realizado, em 1628, pelo Conde-Duque de Olivares que desta forma procurou atrair para Espanha os principais banqueiros e mercadores portugueses ( 27), para se livrar dos banqueiros genoveses. 

Uma decisão que se lhes revelou fatal, pois o seu êxito suscitou de imediato o saque dos seus bens através da Inquisição. A seguir à restauração da Independência de Portugal, em 1640, os banqueiros portugueses estabelecidos em Espanha foram sendo sucessivamente presos e pilhados (36): Juan Nunez de Saraiva (1640), Diego Saraiva (1641), Manuel Enriques (1646), Gaspar e Alfonso Rodrigues Pasarino (1646), Estaban Luis Diamante (1646), outro não identificado (1647) (21), Francisco Coelho (1654), Francisco Baéz Eminente (1691), etc. 

Depois de 1640, muitos dos portugueses que se mostraram leais a Espanha acabaram também por serem acusados de judaísmo, como foi o caso de Rodrigo Mendes da Silva. Nascido em Celorico da Beira (1606), mudou-se para Madrid (1635) onde escreveu importantes obras como "Población General de España" e "Vida e Feitos Heroicos do Grande Condestavel e sua Descendencia (Nuno Alvares Pereira)". Em 1640 foi nomeado "cronista general de España". Em 1659 foi acusado de judaísmo, espoliado do seus bens, conseguiu fugir para Itália onde faleceu em Veneza (1670). (58)

A "União Ibérica" representou a ruína do Império português, o fim das suas rotas comerciais a nível global, mas também uma enorme matança de portugueses pela Inquisição espanhola, em grandiosas manifestações públicas. Estamos perante um verdadeiro genocídio, que visava destruir a sua capacidade de resistência e sobrevivência do povo português.

O seu saque constituiu uma importantíssima fonte de rendimentos que o tesouro real espanhol carecia, para fazer face aos graves problemas financeiros com que se debatia. Em 1676, os inquisidores calculavam que o resultado da última campanha de expropriação dos portugueses tivesse rendido a fabulosa soma de 772.748 ducados e 884.979 pesos (23). 

Em 1683 foi publicada a célebre "Ley de Extermínio" dos portugueses. Os que não fossem apanhados e mortos, eram depois de roubados obrigados a fugir sob a ameaça de morte.

No século XVIII continuavam a existir muitos redutos de portugueses em Espanha. Na maior parte dos casos eram seus descendentes, mas que continuavam a manter muito viva a memória das suas origens (40). A forte endogamia destas comunidades justifica em parte esta profunda ligação a Portugal.

As colónias espanholas na América, embora se observe o mesmo fenómeno, a verdade é que as mesmas continuaram a receber constantes fluxos de emigrantes portugueses.

A enorme capacidade que revelaram em se esconderam sob falsas identidades, mas também em se movimentarem, não foi suficiente para resistirem às perseguições que foram vítimas em Espanha, sobretudo entre 1580 e 1745. 

Estudos recentes apontam claramente para uma conclusão inesperada: morreram mais portugueses vítimas da Inquisição em Espanha e nas suas colónias, do que aqueles que entre 1536 e 1820 foram mortos pela Inquisição em Portugal. 

 

 
 

Tribunal da Inquisição da Nueva España ( México) 

( 1569 - 1820 )

Palácio da Inquisição do México. 

Milhares de portugueses passaram pelos seus cárceres

 
 

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Os portugueses estavam presentes nas Indias Espanholas, desde que foram descobertas a 12 de Outubro de 1492. O seu poder era enorme, provocando o medo por parte da Corte Espanhola.

Não é de estranhar que tenham sido as principais vítimas da Inquisição no México, mas também nos restantes tribunais do "Novo Mundo".  

Alguns dos portugueses vítimas da Inquisição no México:

- Manuel Borullo (1537-1539)

- Juan Ruiz (1537-1539)

- Pedro Hernandez de Alvor (1538)

- Francisco Teixeira de Anda (1564)

- Francisco Millán - taberneiro

- Jorge Hernandez (1574)

- Fernando Alvarez (1575)

- Alvarez Pliego Hernando, natural do Porto, preso em 1577

- Manuel Fernandes, Auto de Fé de 1577.Motivo: acusado de fornicação.

 

No final do século XVI, dos cerca de 80 processos instaurados pela Inquisição do México, 72 eram de portugueses ou seus descendentes. A União Ibérica representou um verdadeiro genocídio para os portugueses nas colónias espanholas.

 

- Hernando Rodriguez de Herrero (Fernando Rodrigues Ferreira), nascido no Fundão (1589)

- Isabel Rodriguez Andrada, natural de Salzedas, presa em 1590 

- Tomás da Fonseca de Viseu (1589-1592)

- Catalina León, presa em 1590.

-Morales Manuel, médico, preso em 1593.

- Jorge de Almeida (1596)

- Francisco Rodríguez, moço solteiro, natural de São Vicente de Abeorou (Beira ?), Portugal. Morto a 8/12/1596.

- Ana Vaez do Fundão (1594)

- Beatriz Enríquez do Fundão (1595),  etc.

- Alvarez Jorge, natural do Fundão, mercador, preso em 1595.

 

O Auto de Fé em Monterrey, em Dezembro de 1596, foi um dos mais terríficos de todos, mais de 120 portugueses sentenciados, familiares e companheiros de Luis de de Caravajal de Mogadouro, 8 dos quais foram queimados: 

- António Morales, médico,

- Belmonte Manuel Francisco, natural da Covilhã, mineiro.

- António Marco, natural de Castelo Branco, mestre de armas.

- Cuello Domingo (Domingo Coelho), natural de Braga, mercador.

- António Rodrigues, natural de São Vicente da Beira

- Sebastian Rodrigues, natural de São Vicente da Beira

- André Rodrigues, natural do Fundão, mercador.

- Pedro Rodriguez, natural do Fundão

- Juan Rodriguez Silva

- Catalina Enriquez

- Clara Enriquez, natural do Fundão

- Ana Lopez, natural do Fundão.

- Lucena Manuel, natural de São Vicente da Beira, mercador

 

A repressão ao longo do século XVII foi igualmente feroz. 

 

O Auto de Fé a 25/3/1601, envolveu 135 pessoas, a maioria das quais portuguesas.

- Francisco López Enríquez, mercador. Preso em 1601-1606.

- Morales Blanca, presa em 1601

- Nunez Andre, natural de Mogadouro, preso em 1601

- Rodriguez Achocado Alvaro, preso em 1601.

- Alvarez Palayo, preso em 1601

- Alvarez Manuel, natural do Fundão, preso em 1601.

- Machado António, natural de Lisboa. Alfaiate, preso em 1601

- Isabel Machado, costureira. Presa em 1601.

- Machado Lourenço, natural de Vila Nova, preso em 1601

- Diaz Cáceres António, natural de Coimbra, mercador, preso em 1601

- Isabel Clara, presa em 1601

- Luna Bernardo, natural de Lisboa, presa em 1601

- Fernandez Jorge, natural de Salzedas, presa em 1601.

- Gomez António, natural do Fundão, preso em 1601.

- Gomes Cristobal, preso em 1601

- Simón Rodriguez, natural de Salzedas, mercador.

- Gil de la Guarda Manuel, natural da Guarda, mercador, preso em 1601

 

- Gomez António, natural de Portimão, mesonero (?), preso em 1605.

- Almeida Jorge, mineiro, preso em 1609.

- António A. Castelo Branco Vaez Tirado, natural de Castelo Branco, mercador, preso em 1625.

- Jerónimo Salgado, natural de Viana, preso em 1625.

- António Medina, Mercador, preso em 1630.

 

- Fernandez Domingo, natural de Torre de Moncorvo, preso em 1635 

- Ana Gomez Botello, natural de Priego (?), preso em 1635. 

- León Jaramilo Duarte, morto em 1635.

- Vaez Joseph A. Torre, natural de Torre de Moncorvo, mercador.

- Montero Simon, natural de Castelo Branco, mercador, preso em 1635.

 

- Isabel Medina, presa em 1638

- Juan Rodrigues Arias, natural da Guarda, mercador. Preso em 1639. 

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A seguir à restauração da independência e Portugal, em 1640, difunde-se no Nova Espanha (México) a convicção que, os portugueses aí residentes, estavam envolvidos numa conspiração destinada a expulsar os espanhóis. Entre 1642 e 1646 calcula-se que mais de 200 portugueses tenham sido perseguidos pela Inquisição do México. A metade nasceu em Lisboa e Castelo Branco. Cerca de 35 nasceram no México, mas eram filhos de portugueses. Os restantes também nesta situação eram oriundos de França, Espanha, Perú, Itália e Angola.

 

- Gaspar de Robles, nasceu em 1609,  em São Vicente da Beira (Portugal). Em 1641 denunciou à Inquisição mais de 40 outros portugueses.

- Blanca Méndez Rivera, meia irmã de Robles. Foi presa com mais três filhas a 17/5/1642.

- Rafaela Enríquez, casada com Gaspar Juaréz, natural de Lamego, foram presos em 1642.

 

Auto de Fé em 1646, entre outros foram condenados:

- Simón Vaéz Sevilha, casado com Joana Enriquez, que pertencia a uma familia de Castelo Branco. Na sequência do seu processo muitos outros portugueses foram presos, como o seu irmão (António Vaéz Tirado ou Castelo Branco).

- Thomas Nunes de Peralta, natural da Covilhã, 

- Fernandez de Acosta Torres Simón, natural de Gouveia, mercador, preso em 1646.

- Morena Margarita, presa em 1646

- Robles Gaspar, Natural de São Vicente da Beira, preso em 1646.

- Rodrigues Nunez Manuel A. Carvalho, preso em 1646.

 

- Tomás Mendez, natural de Caminha, mercador, preso em 1647.

- Franco de Morera Francisco, natural de Caminha, mercador, preso em 1647

- Juan Mendez de Villaviciosa, natural de Vila Viçosa, preso em 1647.

- António Mendez Chillan, natural de Lisboa, mercador, preso em 1647.

- Alvarez Arellano Manuel, natural de Elvas, mercador, preso em 1647.

- Catalina Campos, natural de Lisboa, presa em 1648

- Juan Mendez, natural de Évora, notário, preso em 1648. 

 

No Auto de Fé de 11/4/1649,o maior realizado fora da Península Ibérica. 109 portugueses foram penitenciados, sendo 13 queimados. Entre eles estavam:

- António Vaez, morto.

- Domingos Marta 

- Matias Pereira Lobo

- Fernandez Enríque, natural de Santa Marinha, tecedor 

- Juan Mendez Escobar, natural de São Vicente da Beira

- Manuel Mendez Miranda, natural de Lisboa, mercador

- Mendez Gaspar A. Piñero, natural de São Vicente da Beira, tratante 

- Enrique Miranda, natural de São Vicente da Beira, mercador. 

- Juan Araújo, tratante

- Juan Rojas, natural da Covilhã, mercador.

- Agustin Rojas, natural da Guarda, mercador.

- Violante Rodriguez, natural de Lisboa, 

- Diego Antúnez, mercador

- Maria Campos, natural de Montemaior (Montemor ?)

- Manuel Coronel, natural de Caminha

- Correa Diego A. Silva, natural de Lamego, mercador.

- Montoya Jorge, natural de Castelo Branco.

- Luis Francisco

- Leonor Vaez, natural de Castelo Branco

- Lopez Fonseca Francisco, natural de Botão (Olhão?), mercador

 

- Entre os portugueses presos na Inquisição, em 1650, um deles atitude provocatória anti-espanhola "porque cantaba en la cárcel canciones referentes a Portugal". Foi denunciado por Gaspar Rodriguez de Alfaro, provavelmente outro português preso desde 1642.

 

 
 

 

Tribunal da Inquisição de Lima (Perú)

(1569-1820)

 

 
 

 

A importante comunidade de portugueses do Vice-Reinado do Peru foi das primeiras a ser alvo das perseguições da Inquisição. Continua por apurar o número total dos que foram presos ou mortos, tantas foram as vítimas.

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Lima:

 

- Salvador Mendez Hernandez, preso em 1569. Fora já condenado à morte em estátua em Sevilha.

- Diego Núnez, natural de Tavira. Preso em 1570

- Jun Alvarez, médico.Preso em 1570

- Arias Bello, natural de Tavira. Preso em 1570

- Pedro Fernandez Mexia, mercador, morador em Arequipa. Preso em 1570

- Manuel López (ou Luis Coronado), natural de Elvas. Preso em 1581

- António Osorio Fonseca, natural de Setubal, teólogo, Frade, habito das Mercês, Dominicano. Preso em 1581

- Alvaro Rodrigues, natural de "Soberal", Viseu. Frade dominicano, como hábito das Mercês. Preso em 1581

- Manuel Lopez, preso em 1581.

 

Auto de Fé de 30/11/1587. Foi presido por um vice-rei de origem portuguesa - Fernando Torres y Portugal -, que se destacou entre 1585 e 1589 por dar um enorme poder aos ao inquisidores na perseguição dos portugueses. Neste Auto de Fé foi condenado, entre outros - Francisco Bello Raimundo, residente em Potosi. 

 

O Auto de Fé de 1591 condenou pelo menos 3 portugueses.

 

O Auto de Fé de 5/4/1592, condenou entre outros os seguintes portugueses:

- Alvarez Enriquez Rodrigo, natural de Beja, boticário, preso em 1592.

- Sebastião Baez. Preso em 1592

- Manuel Ribeiro. Preso em 1592

- António Hernandez (dois portugueses com o mesmo nome e apelido).

- Francisco Diaz, preso em 1592.

- Duarte Mendez, natural de Torre de Moncorvo, preso em 1592.

 

O Auto de Fé de 17/12/1595, condenou pelo menos 10 portugueses, entre eles:

- António Nunez, mercador.

- Jorge Núñez, natural de São João da Pesqueira, morto 

- Duarte Mendez, mercador

- Juan Rumbo

- Hernan Jorge (Fernão Jorge), sapateiro em Potosi, preso em 1592

- Pedro Contreras, alcaide

- Manuel Enríquez, natural de Vila Flor, mercador

- Francisco Rodriguez, natural de Vila Flor

- Francisco Vaez Machado, natural de Torre de Moncorvo

 

- Francisco Núnez Oliveira, natural de Bragança. Foi preso a 18/11/1598, por denuncia do irmão. 

- Nunez Filipe, natural da Guarda, preso em 1598.

 

O Auto de Fé de 10/12/1600 acusou pelo menos 14 portugueses:

- Duarte Núñez de Cea (Duarte Nunes de Seia?), preso em 1595 e morto em 1600

- Baltasar de Lucena, natural de São Vicente da Beira (Castelo Branco), mercador, morador em Potosi, morto em 1600

- Francisco Rodrigues (dois portugueses como mesmo nome e apelido)

- Gaspar Rodriguez

- António Fernandez

- Manuel Rodriguez

- Duarte Mendez

- Pedro de Aris Lobo, clérigo.

- André Rodrigues Sosa, natural do Fundão.

- Lucena Gaspar A. Silva, preso em 1600

- Valencia Feliciano, natural de Bragança. Advogado e mercador, preso em 1600

 

- Sebastián Vello, soldado, em Santiago de Estero. Preso em 1601 (?).

- Alvaro Rodriguez, comerciante de livros, vinha de Osuna (Andaluzia). Foi preso em 1601

- Jerónimo Coronel, preso em 1601 (?)

 

- Cintrón Esteban, preso em 1603

 

- António Correia, natural de Celorico da Beira, morador em Potosi, foi preso nos cárceres secretos da Inquisição a 22/5/1604, foi julgado no Auto de Fé de 1605. Entrou para o Convento das Merces, foi desterrado para Espanha, onde morreu em Osuna, como frade em 1622. 

 

O Auto de Fé de 13/3/1605 foram condenados entre outros os seguintes portugueses: 

- Manuel Enríquez, morador em Huancavelica, morto

- Manuel Ramos, natural de São Vicente da Beira, preso.

- Alvaro Nunez, natural de Bragança, médico, residente en La Palta, preso.

- Pedro Rivero, preso

- Pedro Fernández, mercador

- Pedro Fernández Vianna

- Diego Núnez de Silva e o seu filho, moradores em Córdoba del Tucumán.

- Antunez Mateo A. Martin Alvarez, Mercador, preso.

- Diego López de Vargas, natural de Braga, morto

- Gaspar de Silvera, morador de Huancavelica

- Juan de Silvera

- Gaspar López, mercador

- Antonio Fernández de Brito, "jogador"

- Antonio Rodríguez de León, mineiro em Potosi 

- Gregorio Díaz Tavares, morto

- Nuno Rodriguez Acevedo(Rodrigues Azevedo Nuno), preso

- Gonçalo de Luna, natural de Castelo de Vide, morador em Potosi, mercador, preso.

- António Correia, natural de Celorico da Beira, tendeiro, preso.

- Diego Rodrigues Silveira, natural de Escarigo, residente em Huamanga, lavrador.

- Luis Díaz de Lucena, morador em Cartagena

- Pedro López, morador em Cuzco

- Fernando Díaz, 

- Blás Glaván, residente em Tucuman

- Domingo López

- António Aguillar

- Diego Luis

- António Nunez

- Manuel Lopez

- Alvaro Gonzales de Miranda

- Diego Perez Acosta

 

Auto de Fé de Março de 1610, entre os portugueses condenados contaram-se:

- Juan Mozambique

- Mateo Hernandez, alabardeiro do Vice-Rei

- Nuñez Alvarez Cabral de Évora

- Domingo Moreira, canteiro

- Manuel Fonseca, cirurgião 

 

- Manuel Ramos, preso em 1611.

 

- Noble Luis A. Duarte, natural de Évora, preso em 1614.

- António Leal, natural de Miranda do Douro, confitero, preso em 1616.

- Juan Vicente, natural de Campo Maior, sapateiro. Morto em 1623. 

- Nunez Espinosa Enriquez, natural de Lisboa, preso em 1624.

 

Auto de Fé de 21/12/1625. Entre os portugueses condenados, contam-se os seguintes:

- Juan Acuña de Noroña, morto. 

- Almeida Núnez Magro Manuel, natural de Condeixa. Clérigo, preso em 1625.

- Manuel Tavares, morto 

- Manuel Núñez Magro de Almeida, queimado em estátua. 1625

- Garci Méndez de Dueñas, 1625.

- Mendez Dueñas Garcia, natural de Olivença, mercador, preso em 1625.

 

- Alvaro Mendez, natural de Lamego, mercador, preso em 1631.

- Jorge Silva, preso em 1635 (irmão de Juan Rodriguez da Silva, morto em 1639)..

 

O Auto de Fé de 23 de Janeiro de 1639, revestiu-se de uma especial crueldade contra comunidade portuguesa, que viu muitos dos seus serem queimados ou condenados à morte nos cárceres da Inquisição:  

- Francisco Maldonado da Silva (filho de portugueses), morto.

- Antonio de Vega, natural de Fronteira, mercador, morto

- Antonio de Espinosa, morto 

- Diego López de Fonseca, morto

- Juan Rodríguez da Silva, morto .

- Juan de Azevedo, morto 

- Luis de Lima, morto 

- Manuel Bautista Pérez, morto

- Rodrigo Vaez Pereira, morto.

- Sebastián Duarte, morto

- Tomé Cuaresma, morto.

- Luis Valencia, natural de Lisboa, mercador

- Pablo Rodriguez, natural de Montemayor, mercador.

- Francisco Vasquez, natural de Mondin, mercador.

- Juan Lima, natural de Torre de Moncorvo. Mercador. 

- Luis Lima,  natural de Torre de Moncorvo. Mercador. 

- Tomás Lima,  natural de Torre de Moncorvo. Mercador. 

- Enriquez Jacinto, natural de Lisboa, mercador.

- Enriquez Mateo, natural de Torre de Moncorvo, mercador.

- Gomez Acosta António, natural de Bragança, mercador.

- Fernandez Cutiño Gaspar, natural de Vila Flor, 

- Fernandez Pedro, mercador.

- Manuel de Paz, queimado em estátua 

- Marques Montesinos Manuel, natural de Trajo (?), mercador.

- Marques Montesinos Francisco, natural de Torre de Moncorvo.

- Avila Rodrigo, natural de Guimarães, mercador

- António Cordero, natural de Portalegre, mercador.

- Rodriguez Alvaro.

- Quaresma Tomé, natural de Serpa, médico.

- Quiróz Manuel A. Mendez, natural de Vila Flor

- Nunez Duarte Francisco, natural da Guarda, mercador

- Nunez Duarte Gaspar, natural da Guarda, mercador

- Nunez Espinosa Enrique, natural de Lisboa, corregedor

- Mendez Francisco A. Meneses, natural de Lamego, rendeiro de Minas.

- Francisco Ruiz Arias, natural de Castelo Branco, mercador. 

- Vaez Perisa Rodrigo, natural de Monsanto, mercador.

- Manuel da Rosa, natural de Portalegre, sedeiro.

- Gaspar Rodriguez Pereira, natural de Vila Real, mercador.

 

- Morón António, natural do Fundão, tratante, preso em 1640.

 

Á semelhança do que aconteceu no México, em Cartagena das Indias, também no Perú, se falou de uma conspiração de portugueses, em 1640, o que motivou uma enorme repressão nos anos que se seguiram.

 

- Correa Simón, natural de Villamo (?), mercador, preso em 1641.

- Matias Delgado, natural de Pernes, mercador, preso em 1641.

- António Lopez, preso em 1641.

- Fernandez Rodrigo, natural de Lamego, preso em 1641.

- Montoya Francisco, confiteiro, preso em 1641.

 

- Simón Monteiro, de Castelo Branco. Foi preso em 1635 e 1642, acabando por ser morto, tal como o seu irmão e outros familiares.

- Nunez Gerónimo A. Rojas, natural da Guarda, preso em 1646.

- Nunez Peralta Tomás, natural da Covilhã, preso 1646.

 

- Nunez de Segovia Alvaro, preso em 1649.

- Nunez Diego A. Pacheco, natural de Valverde, mercador. preso em 1649.

- Nieto Francisco A. Neto, natural de Castelo Branco, mercador. preso 1649

 

- Rogelio Enrique de Fonseca (ou Diego Sotelo), médico. Foi preso com a sua família em 1656.

 

Auto de Fé de 23/1/1664, foram condenados entre outros os seguintes portugueses:

- Manuel Henríquez, morto 1664

- Enriquez Fonseca Rod. A. David Sotelo, médico, preso em 1664.

- Nunez Andrade /Leonor A. Fca Andrade, presos em 1664

- Rivero Luis A. Juan Sotelo, preso em 1664.

 

 
 

Tribunal da Cartagena das Indias (Colombia)

(1610-1811 )

Palácio da Inquisição em Cartagena. 

Ás ordens dos seus inquisidores foram presos, mortos e saqueados dos seus bens inúmeros portugueses.

 
 
   

A comunidade portuguesa em Cartagena era enorme, rica e muito influente. Ao contrário do que se tem afirmado, foi um dos alvos principais da Inquisição (4).

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Cartagena das Indias:

O Governador de Cartagena, em 1569, recebe ordens para capturar vários portugueses que estavam a ser perseguidos pela Inquisição espanhola. A partir daqui os casos multiplicam-se. 

- Salvador Mendez Hernandez, vivia no Panamá. Preso conseguiu fugir à Inquisição. Foi queimado em estátua em 1590. 

- Rodrigo Sebastião, natural de São Vicente da Beira, preso em 1596

 

No período entre 1610 e 1660 foram julgadas 59 familias portuguesas (57), o número dos presos e perseguidos foi logicamente muito superior.

- Diego de Mesa, comerciante. Preso em 1612.

- Francisco Goméz de León, natural de Lisboa, Traficante de escravos. preso em 1613.

- Baltasar Reys, natural de Évora. Médico, preso em 1616.

 

- Diego Fernandez Rangel, Comerciante. Residente em Zaragoza de Antioquia. Preso em 1623, com um numeroso grupo de portugueses. 

- Luis Franco Rodrigues, natural de Lisboa. Preso em 1624

- Pedro Lopez de Castelo Branco, preso em 1624.

- Manuel António da Paz, do Porto. Preso em 1624.

- Blás de Paz Pinto

 

No Auto de Fé de 1626, o número de portugueses foram condenados entre outros: 

- Costa Domingos, natural de Coimbra, sapateiro. 

- João Vicente, sapateiro

- Luna Francisco, natural de Castelo de Vide, mercador.

- Rodriguez António, natural de Torre de Moncorvo. .

- Diaz Arráez Manuel, mercador.

- Rodrigues Núnez Diego, natural de Viseu

- Luis Franco Diaz, mercador

 

- Rodriguez Pardo Juan, natural de Sanedos (?), tratante, 1627

- António Mendéz, mercador, preso em 1627.

- Sebastião Rodrigo, natural de Belmonte, preso em 1627.

- Luis Rodrigo,mercador. 1627

 

- Andrade Freire Francisco, clérigo. Preso em 1629

- Blas de Paz Pinto, natural de Évora, médico. Preso em 1630.

- Juarez António, preso em 1632

- Luis Fernandez de Torres Novas, preso em 1634

- Nuño Machuca, preso em 1635.

 

- Sebastião Rodrigues, natural de Vila Nova de Famalicão (?).

- Manuel Franco Diaz, 1636.

- António Rodriguez Ferreira, preso em 1636

- Simón Rodriguez Osio, preso em 1636.

- Luis Gómez Barreto, natural de Lisboa, preso em 1636. 

- Barrasa Gonzalo, preso em 1636

 

O ano de 1637 foi marcado por uma brutal perseguição contra os portugueses, sendo muitos deles presos como Alvarez Prieto, a elite comercia de Cartagena.

 

No Auto de Fé de 1638 foram condenados:

- Rodrigo de Sólis Francisco, natural de Lisboa. Tratante.

- Juan Rodriguez Mesa, natural de Estremoz. Mercador

- Vaez Mendez Melchior, natural de Lisboa.

- Serrano Garcia, natural de Elvas. Mercador.

- Rodriguez Carneiro Francisco, natural de Santarém. Tratante

- Piñero Francisco, natural de Viseu

- Campo Juan Alias Vaéz, natural de Castelo Branco.

- López de Acosta Fernando, natural de Lisboa. Factor

- Lópes de Acosta Manuel, natural de Setúbal.

- Luis Fernandez Suarez, natural de Lisboa, tratante.

- Gomez Barreto Luis, natural de Viseu, depositário geral.

 

- Francisco Rodriguez Barreto, preso em 1538 e depois em 1653.

 

A restauração da independência de Portugal, em 1640, leva os portugueses do bairro de Getseman, em Cartagena, a revoltarem-se contra os espanhóis, os quais reagem demitindo-os de cargos civis e militares. Em 1641 e 1642, navios portugueses atacam a cidade, e chegam a tomar a fortaleza de Bocachica (17/7/1642), onde estava preso o Conde de Castelo Melhor. Motivos suficientes para mais uma brutal repressão contra os portugueses, muitos dos quais acabaram nos cárceres da Inquisição.

 

- Felipe Diaz Franco, morador em Lima. Preso em 1640.

- Mendo Lopez, comerciante. Preso em 1641

- Gonçalo Barraza, comerciante. Preso em 1641

- Duarte Pereira, comerciante. Preso em 1641

- Francisco de Villagónes, capitão. Preso em 1641

- Montesinos Antonio, natural de Vila Flor, mercador, preso em 1641.

- Cutiño Sebastião, preso em 1642

- Fernandez de Acosta António, natural de Mora (?). Mercador, preso em 1644. 

- António Rodriguez Ferrerín, mercador, preso em 1647.

- Rodrigo Sebastião, de Famalicão (?), preso em 1648.  

- Manuel, natural de Cabo Verde, escravo. Preso em 1648

- Manuel Alvarez Prieto, natural de Évora, tratante, preso em 1651

- Rodrigo Rafael, preso em 1652

- Luis Mendez de Chaves, natural da Covilhã, tratante, preso em 1653.

- Nunez Gaspar, mercador, preso em 1653.

- Reys Rafael, mercador, preso em 1655.

- Vaez Duarte, natural de Vila Flor, tratante, preso em 1655.

- Tellez Rodrigo, mercador. 1656.

 

 
 

 

Tribunal da Inquisição de Buenos Aires (Argentina)

(1623 - 1820)

 

 
 

No princípio do século XVII, os espanhóis estavam preocupados com o elevado número de portugueses radicados no Rio da Prata. A chegado de dois barcos cheios de imigrantes lusos, em  1623, desencadeia o reforço da repressão em todas as colónias espanholas, incluindo em Buenos Aires. 

Os 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Buenos Aires:

 

- Manuel de Coyto, escultor. Preso.

- Juan Rodríguez Estela, alferes. Natural de Lisboa (?). Foi preso tendo ficado sem bens em 1673.

- Um português em 1679 é preso pela inquisição de B. A.. 

- María Francisca Ana de Castro, pertencia a uma ilustre familia de portugueses (28), oriunda de Lisboa e da Guarda. Morta em 1736 

 

 

Tribunais da Inquisição em Espanha

(1478- 1834) 

 

   

Inquisição de Barcelon

(1484-1834)

 

Foram já identificados 31 portugueses condenados pelo Tribunal da Catalunha. O número total é seguramente muito superior, dada a forte comunidade que aí existia até ao século XVIII.

 

Inquisição de Cuenca

(1489-1834)

 

Milhares de portugueses instalaram-se nesta região em meados do século XVI (49), acabando por ser alvo da cobiça dos espanhóis, sobretudo depois da restauração da independência de Portugal em 1640. Cerca de 200 famílias, só em 1650, fugiram de Cuenca. 

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Cuenca:

 

Auto de Fé de 9/3/1614, entre os portugueses condenados contam-se:

- Miguel Lopo, natural de Lisboa, médico em Pastrana e Bodia. Era casado com Blanca Goméz ; 

- Felipe Rodriguez Montalbo, médico

 

O Auto de Fé, a 29/6/1654, envolvendo 57 réus,9 dos quais foram queimados. A maioria destas vítimas eram portuguesas, tais como:

- Simón Núnez Cardoso, natural de Lamego, médico formado em Salamanca, morador em Pastrana, exercia medicina em Cifuentes. Foi preso em 1652. Era casado com Elena também de Lamego.

- Baltazar Lopez, filho de portugueses.

- Rafael de la Parra, natural de Portugal. Esteve preso na Inquisição em Lima, mas foi morto pela Inquisição de Cuenca em 1654. 

- Méndez Núnez. Preso em 1654 (8)

 

- A familia do banqueiro Manuel Cortiços, sofre uma brutal repressão, sendo o seus bens confiscados. A sua mulher -  Luisa Ferro, assim como a sua mãe - Luisa de Almeida -, apesar de todas as tentativas de fuga, acabam por ser presas (1554-1556).

- Mendes Brito, Auto de Fé de 1656.

- Fernando de Montesinos Téllez, Auto de Fé de 1656.

- Francisco Coello, natural de Lisboa, banqueiro, administrador dos impostos de Málaga, condenado em 1654. Os seus bens foram confiscados.

- Diego Gómez de Salazar, administrador do monopólio de tabaco de Castela. Condenado.

-

 

Inquisição de Las Palmas da Gran Canária (Canárias)

(1505-1834)

 

A importante comunidade portuguesa do arquipélago foi das primeiras a ser atingida pelas perseguições da Inquisição espanhola. Uma parte significativa dos 2.329 acusados eram portugueses, assim como a quase totalidade dos 10 queimados vivos.

 

Entre 1504 e 1510 foram presas 34 pessoas acusadas de judaísmo, a esmagadora maioria eram portugueses, entre eles estava -  Juan de Ler (Leiria ?), natural de Portugal, vizinho de Tenerife, condenado em 1507. Trata-se da primeira vítima de uma Auto de Fé nas Canárias (catedral de Las Palmas).  

 

Auto de fé de 1510:

- Alvaro Estevez, almotacén, natural de Portugal, vizinho das Canárias. 

- Pedro Dorador

- Beatriz de la Cruz

- Juan Francisco, tintureiro.

 

- Alfonso Váez, padeiro. Preso a 10/2/1514.

- António Fonseca, natural do Porto. Preso em 1525.

 

Auto de Fé de 24/2/1526, foram condenados entre outros os seguintes portugueses:

- Alvaro González, natural de Castelo Branco, Portugal, vizinho de La Palma. Sapateiro de profissão. Morto em 1526. Os seus bens foram confiscados em 1506.

- Mencia Baez, natural de Castelo Branco, mulher de Alvaro Gonçalves, morto em 1526..  

- Silvestre González, filho dos anteriores. Sapateiro. Morto em 1526. 

- Alomo Yanez, lavrador, natural de Vila Viçosa (Villaviciosa), vizinho de Tenerife. Morto em 1526.

- Diego de Valera (Isaac Levi), médico, chegou a ser administrador da praça portuguesa de Safi, em Marrocos (1517). Foi morto em 1526.

- Hedor Méndez 

 

- Diego Diaz, preso em 1529

- Pedro Gonzalez, preso a 8/8/1530

 

- Duarte Perez e Duarte Gaspar, em 1534, antes de serem apanhados conseguem fugir para Cabo Verde. 

- Catalina Gonzalez, presa em 1570

- Joan Almeida, preso em 1581

- Gaspar Diaz, preso em 1581

- Diego Diaz, preso em 1587/88

 

No princípio do século XVII, um poderoso grupo de mercadores portugueses, instala-se em Tenerife - La Laguna, onde através de uma inteligente ligação às famílias locais consegue resistir, apesar da vigilância e denúncias à Inquisição. O núcleo principal era liderado pelos irmãos Diego e Tomás Pereira de Castro, naturais de Barcelos. Estabeleceram-se como mercadores em 1610, passaram a controlar o comércio  com Portugal, as Indias espanholas e Amesterdão (55), arrendam as rendas reais (1640-1652), adquirem enormes propriedades, ascendem ao governo da ilha. Financiam a construção da Igreja del Santisimo Cristo de Tacoronte, em cujo portal colocam as suas armas...

 

- Sebastião Pais de Vega (natural de Lisboa), Luis Barreto, Simão Mendes, Gaspar Ramos e Luis Peres, em 1610, fugiram de Marrocos para as Canárias, onde acabaram por cair nas mãos da Inquisição espanhola por alegadamente terem renegado à Fé Cristã (59).

 

- Pedro Lobo, mercador. Preso em 1611.

 

Em consequência dos terramotos do Açores por volta de 1620, muitos portugueses fixaram-se nas Canárias. A Inquisição de Las Palmas, assustada com o seu número, move-lhes uma brutal perseguição. O frade Juan de Medina, em 1621, afirma que nas Canárias "Todos os portugueses eram judíos".

 

 Em 1625 sucedem-se as prisões de portugueses:

- António Rodrigues da Fonseca, natural do Porto, mercador em La Laguna (1626)

- Adriana Sosa

- Diego Gomes e os seus irmãos Acosta e Heredia

- Antonio Diaz de Moraes

 

- Inês Granada, moradora em Tenerife. Presa e morta (?) em 1629.

- Perpétua Lopez, Lorenzo Rodriguez Lindo (esposo), Lucinda Rodriguez (sobrinha), Gonzalo Rodriguez Baez (esposo de Lucinda), todos foram presos.

- Fernão Pinto, mercador. Em 1635 foi avisado antes da prisão e consegue fugir para a Holanda.

- Duarte Henriquez Alvarez, arrendatário de rendas, preso em 1658. Foi morto em estátua. 

- Gaspar Pereira, preso em 1663.

- Rafael da Silva y Montero, médico, preso em 1689 e condenado em 1691.

 

Inquisição de Córdoba

(1482 -1834)

 

No final do século XVI, os portugueses começam a ser alvo de uma sistemática repressão que se prolongará até meados do século XVIII. O processo desencadeia-se em 1593, na sequência de uma investigação inquisitorial. O municipio de Andujar, a 7/7/1600, toma um conjunto de medidas especificas contra os comerciantes portugueses, procurando incentivar atitudes xenofobas.

 

Auto de Fé de 1596 foram condenados um grupo de portugueses presos em Antequera.

 

- Pedro Lorenzo Aguiar, natural de Vila Real, preso em 1624.

 

Estudos recentes revelaram que só entre 1625 e 1640, pelo menos 230 portugueses, na sua maioria comerciantes, foram julgados pela Inquisição de Córdoba.

 

No Auto de Fé de 2/12/1625, dos 45 condenados, 39 eram portugueses, entre eles estavam:

- Manuel Enríquez, natural de Vila Flor, negociante, morador em Andujar. 

- Violante Nunez, esposa de Manuel Enríquez

- Valentim Fernandez, natural de "Riosus" (Portugal), morador em Andujar.

- Marquesa Fernandez, esposa de Luis Sanches, moradores em Andujar.

No Auto de Fé de 21/12/1627, entre os 81 réus, contavam-se vários portugueses ou seus descendentes, entre eles:

-  Alonso Lopez da Acuña.

-  Perea (Pereira) Machado, morador em Andujar

-  Diego Alvarez

-  Susana, 16 anos.

-  Maria Núnez, 13 anos.,

-  Elena Correa, o seu marido Gaspar Fernandez conseguiu fugir.

 

O Auto de Fé de 1629,  envolveu um vasto grupo de portugueses acusados de terem queimado um crucifixo. O seu assassinato foi presenciado pelo rei de Espanha.

 

Em 1644, 19 portugueses de Sevilha e 7 de Cádiz, foram implicados num caso de judaísmo de outro português - Simón Rodriguez Ángel, de apenas 15 anos. Era, filho de Artur Mendez, o mais rico comerciante da última cidade. Como as prisões da Inquisição de Sevilha estavam cheias, foram enviados para Córdoba (5), onde foram "julgados" e com outros portugueses presos ou mortos. 

 

Através de uma denúncia ficou-se a saber que os portugueses, em 1647, tinham informadores no Tribunal da Inquisição de Córdoba, que os avisavam das prisões que os inquisidores planeavam fazer (35). Na sequência das investigações que então são feitas muitos portugueses são presos.

 

O Auto de Fé de 1655, levou à morte pelo menos 5 portugueses(17).

 

Em 1648 um galego apresenta-se voluntariamente no tribunal para denunciar um grupo de portugueses.

Em todos os Autos de Fé eram habitual serem condenados portugueses, como:

- Domingos de Chaves, capitão. Fora já anteriormente preso em Saragoça. 1656

- Nuño Machuca, 1656

- Ana de Sosa, 1660

- Maria Luis, 1660

- Maria Álvarez, 1661.

 

O Auto de Fé de 29/9/1684 foi marcado pela morte de muitos portugueses. O mesmo aconteceu nos Autos e Fé de 1723 e 1724.

 

Auto de Fé de 5/12/1745 foi condenado a prisão perpétua Manuel de Acuña, natural de Lisboa, médico, morador em Jaén.- Com a sua mulher, foram os últimos portugueses a serem presos pela Inquisição de Jaén. O motivo da condenação deveu-se a ter socorrido um outro português moribundo, que segundo a Inquisição praticava judaísmo em segredo.

 

 

Inquisição de Ciudad Real

 

A comunidade portuguesa era muito activa no comércio e artesanato. O seu acabou por gerar uma profunda inveja, que não tardou a desencadear o seu saque pelos espanhóis. 

- Fernando Méndez, em 1591, é preso.

 

Os portugueses contam-se entre as principais vítimas nos oito Autos de Fé entre 1634 e 1681:

- Maria Acosta, presa em 1634

- Tomás Núñez Gómez, comerciante de tabacos, condenado em 1651.

- Antonio Rodriguez, preso em 1654

- Andrés Núñez Enríquez, mercador, preso em 1666

- Martín Ruiz, financeiro, preso entre 1678 e 1681.

- Mateo de la Torre, preso entre 1678 e 1681.

 

 

Inquisição de Granada

(1526-1834)

 

A comunidade portuguesa, sobretudo em Málaga, era muito numerosa no século XVI, aumentando durante a tenebrosa União Ibérica (1580-1640). O número dos presos e mortos não tem parado de aumentar à medida que se estudam os processos deste Tribunal. 

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Granada:

- Hedor Méndez, condenado em 1526.

- Francisco Baez, alfaiate, morador em Marbella, preso em 1560. 

- Juan Rodriguez, moradora em Marbella, 1563

- Gaspar Soarez, preso em 1568

- Maria Luisa, negociante moradora em Málaga, 1568 (duas pessoas com o mesmo nome e apelido?).

- Andrés Franco, morador em Málaga. 1570

- Catalina Méndez, moradora em Málaga,1571

- Isabel Mendez, morta em 1572.

- Frade portugues, residente em Archidona, preso em 1575.

- Catalina Martim, casada com Hernan Martim, morador em Málaga. Presa em 1581.

- Manuel Afonso, caseiro, morador em Ronda, preso em 1582.

- Salvador Alfonso, natural da Guarda, morador de Archidona, 1585

- Gaspar Romero, morador em Antequera, preso em 1589

- Pedro Alvarez, mercador, 1590

 

No Auto de Fé de 1593, foram queimados em estátua Pedro Alvarez e a sua esposa Blanca Sierra, moradores em Antequera. 

- Antónia Enríquez, casada com Hernando Rodriguez, morador em Málaga. 1594

- Antónia Enríquez, moradora em Antequera, acusada de islamismo, presa em 1596

- Clara Lucena, casada com Simón Lopez, moradores em Antequera. Acusada de islamismo, presa em 1596

- Ana Mendez, moradora em Antequera, presa em 1596 acusada de islamismo.

- Isabel Mendez, moradora em Antequera, 1597 

- Gerónimo Fernandéz, preso em 1653.

 

No Auto de Fé de 1654 a quase totalidade dos condenados eram portugueses.

 

O Auto de Fé de 1571, entre os portugueses mortos contam-se: Catalina Mendez, natural de Mertola; Hernando  López, vizinho de Málaga e guardador do almoxarifado da mesma cidade.

 

No Auto de Fé de 30/5/1672, dos 90 condenados 57 eram portugueses (3 mulheres mortas e 1 jovem de 19 anos). 

Entre eles, contam-se as irmãs: Isabel Mendes (morta) e Margarida Mendes, Leonor Rodrigues, Mayor Nunez e Maria Blanca. O filho de Isabel - Esteban Mendez - foi preso.

 

No Auto de Fé de 1673 são mortos Pedro Alvarez, natural de Vinhais e Blanca Nunez, entre outros..

 

O ano de 1678 ficou marcado por uma feroz perseguição aos portugueses. Foram presos, entre outros: Manuel Garcia e mulher (Juana Marin); António Garcia (desc.); Blasco Pereira, natural de Vila Flor; Juan López Pinto, natural de Vila Flor; Cristobal, detido em Málaga; Fernando e Beatriz de Acosta, etc.

- Albin Lopez, vizinho de Coin. Morreu nos cárceres desta inquisição (1679?)

- Juan de España Sotomayor (ou Pedro Prieto), vizinho de Málaga. Morreu nos cárceres desta inquisição (1679?)

 

No Auto de Fé de 1680 foram condenados 58 portugueses ou seus descendentes.

 

 

 

 

Inquisição de Jaén

 

A comunidade portuguesa era muito importante nos séculos XVI e XVII, dedicando-se a múltiplas actividades: medicina, comércio, gestão de rendas, etc (53). A maioria eram oriundos de Vila Flor, Vila Real e Almeida.

 

Na primeira metade do século XVII, os portugueses constituíram uma importante comunidade em Baeza, que adoptou práticas judaicas (12), que será alvo de um brutal repressão.. 

 

 

Inquisição de Llerena (Badajoz)

(1485-1834)

 

Um dos tribunais mais sanguinários de Espanha, abrangia as regiões de Ciudad Rodrigo, Plasencia, Coria e Badajoz.  Llerena era a sede da Ordem de Santiago espanhola. Estabeleceu relações privilegiadas com o Tribunal da Inquisição de Évora. Calcula-se que mais de 350 portugueses tenham sido presos ou mortos pela Inquisição de Llerena.

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Llerena:

- Francisco Gutierrez, morto em 1562.

Em 1569, os inquisidores de Llerena prendem um importante grupo de portugueses (18).

 

No Auto de Fé de 14/6/1579, conhecido por "Auto de Fé dos Alumbrados",  foram condenados e mortos vários portugueses (22), entre eles:

- Francisco Diaz, morador em Fregenal.

- Gregório Crespo. Foi preso por afirmar que não era pecado ter relações sexuais com uma prostituta, desde que pagasse o serviço.

- Maria de Cheles, moradora em Cheles. Foi condenada porque não via nenhum pecado em ter relações sexuais com solteiros e clérigos.

- Catalina Afonso, natural de Coimbra, viúva de um escrivão.

 

- Juan Garcia, boticário, filho de portugueses. Casado com Gracia Gómez. Foram presos em 1605.

- Miguel Lobo de Lisboa, casado com Blanca Gómez. Preso em 1614.

- Maria Gonzales, presa em Jerez, 1634

 

No processo chamado "Cumplicidad de Badajoz", em 1638, muitos foram os portugueses acusados e condenados.  

- Isabel e Beatriz de Acosta, presas a 6/2/1639.

Na sequência da restauração da independência de Portugal, em 1640, muitos portugueses que se haviam fixado na região de Mérida são acusados de tentarem entregar a cidade às tropas portuguesas (Cfr. Carta de Durán de Torres, escrita em Zafra, 1/10/1643), o que originou grandes perseguições da Inquisição.

 

- Beatriz Mendes, presa a 4/7/1643, consegue fugir.

- Catalina Mendez, natural de Olivença foi presa a 12/7/1646, conseguiu fugir. Foi apanhada e acabou por morrer nos cárceres da Inquisição.

 

O Duque de Béjar, era um dos muitos nobres espanhóis que andou a apropriar-se dos bens de portugueses sentenciados pela Inquisição de Llerena. Ficou, em 1651/4, com os bens de Luisa Rodriguez e do seu esposa Juan Méndez Campos, e de Jorge Rodriguéz Peteno e da sua esposa Blanca Enríquez, entre outros portugueses que foram mortos (3).  

 

- Maria Báez López, natural de Bazin (Beja ?), comerciante, foi presa a 24/3/1660.

 

O Auto de Fé de 23/4/1662, dos 88 condenados 78 eram portugueses ou seus descendentes, entre eles: Juan Gomez, natural de Cabeza David (Cabeço de Vide), mercador; Gaspar Gomes, irmão de Juan; Francisco Fernández Méndez, natural de Chacim, morador em Medellin, era administrador de tabacos.

 

- Francisco Enriquez de Ocalla (Vivarón), natural de Vila Flor (Trás-os-Montes). Morreu nos cárceres desta inquisição (1679). 

- Manuel Lopez, é morto em 1679.

- Manuel Lobato, moleiro. Foi preso a 1/8/1720.

- Martin de Olivenza, preso em 1722, nos cárceres de Coria.

- Família Rodriguez é devastada em 1725.

 

Inquisição de Logroño

(1512-1834)

 

O Tribunal de Logroño assumiu no final do século XVI uma importante função estratégica para a Inquisição: controlar as fugas de portugueses para França, na direcção de Amesterdão. 

 

Filipe II, em 1587, proibiu que os portugueses pudessem atravessar a fronteira com os seus bens. Com duas importantes comunidades em San Sebastian e em San Juan de la Luz, os portugueses ao mesmo tempo que apoiavam as fugas, envolviam-se também no contrabando de dinheiro (46). Em 1602, o Tribunal de Logroño, tomou medidas especiais contra eles, enviando espiões para San Juan de Luz (França).

 

Na primeira metade dos século XVII, portugueses, oriundos sobretudo de Trás-os-Montes, dominam grande parte do comercio internacional de Navarra, tornando-se um alvo privilegiado da Inquisição (30), pela inveja local que provocavam.  

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Logroño:

 

- Dionis Portugues, morador em Zervera, morto em 1519.

 

-  Diego de Acosta Cañas, mercador de produtos chineses. O T. de Logroño, a pedido do T. de Toledo, participa em 1596 na sua captura.

- Jorge Fernández, vizinho de Cieza. Condenado em 1593.

- Juan Núnez Vega, integrando uma sólida rede internacional de mercadores portugueses, oriunda de Trás-os-Montes. Foi preso em 1621.

- Luis Fernandez Pato, natural de Vila Real, mercador,preso em 1635.

- Lorenzo González. Foi queimado vivo, num lugar chamado "Los Quemados", próximo de Logronho, a 23/8/1719.

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Inquisição de Maiorca (Mallorca)

(1488-1834)

 

A perseguição de portugueses é anterior a 1516, quando já se contavam com pelo menos duas condenações (54), o que se seguiu foi a barbárie. 

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Maiorca:

 

No Auto de Fé de 13/1/1673 foram condenados à morte em estátua, entre outros:

- Lázaro Rodriguez

- Gaspar Rodriguéz e Isabel Mendes (esposa)

- António Moldonado e Beatriz Pereira (esposa).

 

- Francisco Diaz, do Porto. Cativo em Argel, renegou o cristianismo, andava no corso. Foi preso em 1579.

- António da Fonseca, de Oleiros. Renegado. Foi preso em 1581

- Antor, como mouro Alza, de 65 anos. Renegou em Argel. Foi preso em 1614.

 

A importante comunidade portuguesa que aqui existia no século XVII foi quase exterminada entre 1675 e 1691, quando pelo menos 300 portugueses foram condenados (51).

 

 

..

Autos de Fé em Madrid

 

Na Praça Mayor de Madrid largas centenas de portugueses foram assinados pela Inquisição espanhola, em grandiosos acontecimentos públicos, presididos pelo próprio rei.

 

Auto de Fé, a 4/6/1632, organizado pelo Tribunal de Toledo (34), na Praça Maior de Madrid (Plaza Mayor), a que assistiu Filipe IV de Espanha, acompanhado de  toda a corte. Ao todo foram condenadas 57 pessoas, sendo 7 queimadas ao vivo e 4 em estátua. A maioria destas vítimas eram portuguesas, tais como: Miguel Rodriguez e a sua mulher Isabel Martinez Albarez; Antonio Gomez, médico, professor na Universidade de Coimbra; Jorge Quaresma, natural de Lisboa, graduado em cânones.

 

Este Auto de Fé está ligado à reacção contra os portugueses que se desencadeou em Cádiz em 1629. Estes foram acusados de terem açoitado e queimado uma imagem do "Cristo de la Paciência". Sob este pretexto 6 portugueses foram queimados em Madrid, e muitos mais presos e espoliados. Face a estes acontecimentos, em 1633, apareceu nas ruas de Madrid cartazes em português, onde se afirmava a superioridade do judaísmo sobre o cristianismo. Francisco Quevedo (1580-1645), a este respeito escreve um folheto contra "Los Judíos que hablan portugués" (Execracion de los Judios, 1633), apelando ao seu extermínio em Espanha.

 

 

Pintura de Francisco Ricci do Auto de Fé, de 30 de Junho de 1680 (Museu do Prado, Madrid).

Foram sentenciadas 104 pessoas, portuguesas na sua quase totalidade.  

a

Auto de Fé, a 30/6/1680, também em Madrid, na Praça Maior, a que assistiu Carlos II e toda a corte espanhola. A maioria dos 104 condenados eram portugueses. As idades variavam entre os 14 anos e os 70 anos de uma idosa portuguesa.

Portugueses mortos neste Auto de Fé:

- Francisco Leão, vizinho em Málaga (morto em estátua)

- António de Vergara,  (morto em estátua)

- Leonor Nunez, vizinho em Málaga

- Beatriz Benitez Cardoso, da comunidade portuguesa de Pastrana (Guadalajara). Desterrada.

- Rodrigo del Caño, mercador em Málaga.

- Cristobal del Caño, vizinho em Málaga

- Luisa de Castro, vizinhoa em Málaga

- Diego Núnez Chacon, mercador de lenços.

- Melchior Ruiz, vizinho em Málaga

- Leonel de Ribera (ou Daniel Gomez, Abran Gomes Brito), vizinho de Madrid

- Graviel de Salazar, filho de Diego Gomes de Salazar, negociante

- André Salazar

- Maria Lopez, solteira, natural do Porto, vizinha em Orense (Galiza)

- Luis Enriquez, solteiro, vizinho em Antequera

-  Francisco de Salinas (ou Francisco de Leão)

- António Enriquez, comerciante de lenços.

- Ana Vargas (ou Ana Gomez, Lopez), mulher de Manuel Francisco. comerciante. Foi já presa na Inquis. de Toledo (1651).

- Manuel Suarez da Fonseca, natural de Trancoso, mercador. Foi preso na Inq. de Valladolid.

- Leonor Pereira, natural de Évora. Mulher de Manuel de Galvez, comerciante. Foi presa na Inq. de Granada.

- Simón Diego de Morales, natural de Viseu, comerciante. Foi preso na Inq. de Cordoba.

- Baltasar Lopez Cardoso, oriundo de Verin (Galiza)

- Filipa Lopes, oriunda de Verin (Galiza).

- Juana Lopez, viúva de Francisco de Acosta, natural de Vila Flor, vizinha de Orense. Foi presa na Inq. de Granada.

- Pascoal Nuñez, vizinha de Málaga.

- Francisco Navarro de Acuña, vizinha de Neiva de Galiza.

- Maria Mendes, filha de António Mendes, capitão Farapa e Maria Maria Mendes, vizinha de Orense.

- Francisco Machado, natural de Vila Flor, vizinho de Orense.

- Francisco Rodriguez Castellanos, natural de Vila Flor, vizinho de Orense.

- Diego Gomes de Salazar (ou Abran Gomes de Salazar), negociante. Preso na Inq. de Toledo (1677), morto em estátua em Madrid (1680), faleceu no Bairro d Santo Espírito, em Bayona (França).

- Pedro de Salazar (Moisés Salazar), foi morto em estátua. Fugiu.

- Felipe de Campos, natural do Porto, morador em Pastrana. Condenado a prisão perpétua.

- Rafael de Paz, médico na corte espanhola. Condenado a prisão perpétua.

- Gerónimo Alonso sapateiro. Condenado a prisão perpétua.

- Manuel de saldanha, natural de Olivença, solteiro, Condenado a prisão perpétua.

- Fllipa Nogueira, viúva de Luis Enriquez, natural de Vila Flor. Condenada a prisão perpétua.

- Francisco Nogueira, natural de Mirandela. Condenado a prisão perpétua.

- Angela Nunes Marques, Vila Flor, Condenada a prisão perpétua.

- Leonor Núnez Marques, viúva de Rodrigo da Silva, natural de Vila Flor. Condenada a prisão perpétua.

- Gerónimo Nunez Marques, médico na corte, natural de Vila Flor. Condenado a prisão perpétua.

- Pedro Nunes Marques, Vila Flor. Condenado a prisão perpétua.

- Manuel Diaz Sardo (Manuel Enriquez), de Estremoz, Condenado a prisão perpétua. 

s, 1680.

Continua.

Inquisición de Medina del Campo

 

O número de portugueses presos ou mortos, a avaliar pelos referências pontuais, foi seguramente muito elevado.

- Gonzalo Baéz, em 1558, estava preso, tendo sido espoliado dos seus bens.

- Os inquisidores, a 30/3/1605, dão conta que os cárceres secretos deste tribunal estavam cheios de portugueses, de cujos bens haviam sido espoliados (11).

 

Inquisição de Múrcia

 

Desde finais do século XVI que existia em Murcia uma importante comunidade de portugueses, ligados sobretudo à produção e comércio de sedas (52). Em Cartagena dedicavam-se ao comércio, tráfico de lã, tecidos e trigo. 

 

No século XVII dedicou-se a perseguir portugueses, depois de ter assassinado os mouriscos. Estes inquisidores perseguiram os portugueses de Orán. A maioria foi exterminada na segunda metade do século XVII. 

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Múrcia:

 

- Juan Fernandez. Morador em Cartagena em 1632. Dizia que era "Jesus Cristo, redentor" e todas as mulheres lhe pertenciam. Foi acusado de fornicação. 

- Rodrigo Nunez Enrique, preso em 1660.

- Francisco e Manuel Enrique, presos a 6/6/1678. Fora também presos muitos outros seus familiares.

 

Auto de Fé de 20/5/1563, condenados portugueses: Juan Ribero, natural de Viseu. Morador em Madrid; Alfonso Rodriguez, comerciante de lenços, morador em Múrcia, etc.

 

- Guiomar Enriquez, e seus filhos foram presos em 1678

 

A família Acosta, ligada ao comércio de seda, entre 1681 e 1682 viu cerca de 100 dos seus membros serem presos pela Inquisição (52).

 

- Diego Fernandez de Silva, com a esposa - Isabel Rodriguez, foram presos em 1682.

- Francisco Zapata e a sua esposa, clara de marcado, presos em 1689 ( 1679?)

- Diego Rodriguez Núnez, 

- Catalina Nunez, foi queimada em estátua,1696.

 

Na primeira metade do século XVIII, os inquisidores espanhóis, como os de Múrcia estavam apostados em destruírem os últimos "redutos" (48) de portugueses ou seus descendentes em Espanha. Famílias inteiras são presas. As perseguições, prisões e condenações sucedem-se:

 

- Gaspar López Rubio, cirurgião. Preso em 1715

- Manuel Rubio, médico. Preso em 1715

- José Lopez Rubio, sangrador. Preso em 1715.

- Simón Lopez Rubio, cirurgião

- Catalina Nunez, esposa de Sauca (Pastrana).

- Ana Lopez, presa em 1718. Era casada com Melchior Melo

- Francisco Melo, morador em Orihuela. Preso em 1720. Os inquisidores afirmam que o mesmo se dizia publicamente portugues.

- Clara Anhés, "Portuguesa" "Cristã velha".

- Jorge Rodriguez, morador em Tutança. Preso em 1721.

- Inês Alvarez Pereira, preso a 23/5/1722.

- Jerónimo de Melo, preso em 1723.  

No s

Inquisição de Santiago de Compostela

(1574 -1834)

 

Inúmeros portugueses refugiavam-se na Galiza para fugirem à inquisição em Portugal, mas acabavam desta forma cair nas malhas de numa Inquisição ainda mais sanguinária (1).  

 

- Inês Gomes, viúva, oriunda de Évora, com mais 4 filhos são identificados em 1625 e depois presos.

- Baltazar López foi preso, em 1677, em Santiago no regresso de uma viagem a Bayona (França), onde existia uma importante comunidade de portugueses.

 

Em Verín (Orense), por exemplo, só entre 1676 e 1678, foram apanhados 20 portugueses.

 

- Isabel Lopes Artur, mulher de Gaspar Lopes. Morreu nos cárceres da Inquisição (1679?).

- Catalina Rodriguez (Pasquine), natural de Buarcos, mulher de Gaspar de Sena, vizinha de Cangas (Galiza). Morreu nos cárceres desta inquisição (1679?).

- Catalina Antonia, viúva de Manuel Neto, natural de Buarcos, morreu nos cárceres desta Inquisição (1679).

 

 

Inquisição de Saragoça

O número de portugueses presos e mortos ascende a mais de 100 pessoas. Não foram mais porque  depois de 1643, a comunidade portuguesa fugiu quase toda da região.

Auto de Fé de 25/2/1639, entre outros foram condenados os seguintes portugueses:

- António Rodrigues

- Diego Rodriguez

- Beatriz Nunez, esposa de Diego Rodriguez

- Serafina Nunez, esposa de Manuel Ferreira

- Pedro Rodriguez Arras, mercador

- Gaspar Ibanez, mercador

- Francisco Pineyro

- Simón Pineyro

Inquisição de Sevilha

(1482-1834)

Está por determinar o número de portugueses que foram condenados e queimados em Sevilha, calculando-se que oscile entre os 800 e os 1.000. No século XVII mais de 10% da população da cidade era portuguesa. Em 1640 só nesta cidade existiam mais de 2.000 comerciantes e mercadores portugueses. Existiam outras importantes comunidades em Cádiz, Osuna, Huelva, Utrera, Ayamonte, Puerto de Santa Maria, Sanlucar de Barrameda, Jerez onde a inquisição fez verdadeiras matanças. A maioria eram comerciantes, mercadores, banqueiros, arrendatários, médicos e artesãos.

Na igreja da Madalela (Iglesia de la Magdalena), erguida no local onde existiu a antiga igreja do Convento de São Paulo (convento de San Pablo el Real de los dominicos), a primeira sede da Inquisição em Sevilha, existe uma pintura mural que retrata um auto de fé de um mercador de origem portuguesa: Diego López Duro, queimado vivo em 1703. 

Data de 1434 a morte do primeiro português, um frade franciscano, acusado de estar à frente de um grupo de revoltosos independentistas em Sevilha, identificado com judeus ou conversos (56). 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Sevilha:

Auto de Fé de 21/5/1559, entre os portugueses condenados conta-se Gonzalo Vaez.

Entre 1560 e 1599, pelo menos 42 portugueses foram condenados por vários motivos, tais como: judaísmo (a maioria), heresia, protestantismo, fornicação ou sodomia (38). 

O século XVII, inicia-se com o grandioso Auto de Fé a 30/11/1604, cuja principal atracção foi a condenação de portugueses (31). 

- Gabriel Rodriguez, era líder desde 1610 de um importante grupo de portugueses em Coria del Rio. Foram presos em 1620 (14).

- Juan de Jesus Maria, condenado por ser "alumbrado", em 1624. 

O caso do "Cristo de la Paciencia" de Cádiz, em 1629, enchem durante anos as prisões de portugueses, seis deles, como vismo, foram queimados em 1632 na Plaza Mayor de Madrid.

- Pereira (Perea), foi preso pela Inquisição em 1636, por andar a difundir ideias luteranas. Condenado à morte, conseguiu fugir, sendo queimado em estátua a 23/8/1637, na Praça de S. Marcos.

Entre 1639 e o primeiro quartel do século XVIII, o número de homens de negócios portugueses que ingressaram nos cárceres do castelo de Triana (Sevilha) foi muito elevado. "No se cansaban los inquisidores de repetir ante el consejo cuán ricos y poderosos eran éstos y todos os demás conversos de esta nación aficandos en Sevilla" (37). 

- Fernando Báez de Silva, médico e mercador nas Indias espanholas. Foi denunciado em Lima e Cartagena das Indias. Foi condenado em 1641.

- Família Passarinho (Passariños), mercadores. Foram alvo de uma brutal perseguição.

- Diego Diaz Baez, condenado em 1643.

- Francisco Baez Castelbanco. Condenado.

- Damian Diaz de Santillana, caixeiro dos Passarinhos (Passariños), oriundo de Castelo Branco. 

- Luiz Gomez Lobo, com mulher e sogra. Condenados em 1643.

 

- Damián Baéz (ou Vaez) de Lucena e o seu irmão Diego Diáz Baez foram presos, em 1648. A inquisição sevilhana neste ano quase concluir a matança desta família em Sevilla.

- Artu Mendez, mercador. Faleceu durante as torturas em 1648.

 

- Simón Núnez Cardoso, natural de Lamego. Médico em Cifuentes. Preso em 1652. Foram também presas, entre outros os seguintes portugueses: Diego Nunez, Francisco Nunes, Lucrécia Nunez, Maria Nunez, Gracia Nunez, Gracia Cardoso.

 

O Auto de Fé de 2/3/1653, condenou 24 pessoas, sendo 14 delas portuguesas.

 

A Inquisição de Sevilha, à semelhança de outras por toda a Espanha, agia como um verdadeiro bando de ladrões, prendendo de forma arbitrária portugueses, sobretudo comerciantes, para os roubar. No dia 17/5/1655, por exemplo, foram presos 4 mercadores portugueses, que não tardaram a ser espoliados de imediato dos seu bens (6).

 

- Isaac Orobio de Castro, nasceu em Portugal (1617). Formou-se em medicina. Foi preso mais a sua família em 1654 na cidade de Málaga.

 

- Manuel de Paz, morre durante as torturas em 1659.

 

Auto de Fé de 13/4/1660, o último de grande aparato, dos 64 réus, 58 eram portugueses, 7 foram queimados vivos, 33 em estátua porque tinham fugido ou porque já haviam sido mortos nos cárceres da Inquisição. Entre os portugueses condenados destaca-se: António Enríquez Gómez (1600-1663), poeta, natural de Cuenca, filho de portugueses. Foi um dos mais activos defensores da Independência de Portugal, em 1641, publica Triunfo Lusitano. Primeiro foi queimado em estátua (13/4/1660) e depois de descoberto, acabou por morrer preso nos cárceres da Inquisição de Sevilha.

 

- Valentín Rodriguez Baéz, preso em 1662

 

- Luis Perez de Leon, médico. Preso em Málaga a 27/8/1664.

 

- Manuel de la Pena, mercador e negociante de tabacos. Preso em 1666.

- Diego Morales, preso em 1674 (?)

- Juan António de Medina, natural de Lisboa, administrador da renda do sal de Utrera.

- Enrique Jorge Acosta

- Diogo Henriques, natural de Faro. Médico e presbitero, seguidor de Miguel de Molinos, preso a 22/8/1687.

- Rafael de Silva y Monteiro, barbeiro. Foi preso em 1689.

- Gabriel de Anabia (Anadia?), natural de Lisboa, médico. Foi preso em Cádiz em 1693 (33)

- No dia 19 de Abril de 1699, um grupo de 29 portugueses oriundos de Trás-os-Montes foram presos em Cádiz, e entregues à Inquisição de Sevilha. Entre eles encontrava-se o célebre médico Jacob Rodrigues Pereira.

 

Auto de Fé de 28/10/1703, no qual foi queimado Diego López Duro, mercador, morador em Osuna.

 

O ano de 1709 foi marcado por uma enorme repressão dos portugueses:

- Diego de Ávila foi preso com a sua esposa Maria de Avila e as suas filhas Claudia e Juliana, incluindo o marido desta - José Alvarado y Maldonado;

- Francisco Luis Diáz Espinosa

- Fernando de Saldanha

- António Fernandez Matos (29) 

 

Entre 1718 e 1733, os portugueses sofreram em Granada, Sevilha e Cordoba uma brutal repressão: 36 foram condenados à morte em Granada, 14 em Sevilha e 17 em Córdoba, isto sem contar com aqueles que sofreram outras penas ou morreram nos cárceres da Inquisição (39) .

 

Entre os muitos condenados de origem portuguesa, contam-se:

- Juan Muñoz Peralta, médico fundador da Sociedade de Medicina de Sevilha. Preso em 1724

- Diego Mateo Zapata (1644-1749), filho de portugueses, médico. Foi preso em 1691 (Logronho) e em 1724.

 

 

A importante comunidade portuguesa de Cádiz é dizimada na primeira metade do século XVIII (32).

 

Inquisição de Toledo

(1485-1834)

 

A perseguição contra os portugueses foi sistemática, mas no final do século XVI o terror foi completo (2). De 1566 a 1570 - 20 condenados. 1576-1580 - 10; 1581-1585 - 10; 1586-1590 -3; 1591-1595 - 24; 1596-1600 - 44. Números que não pararam de crescer.

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Toledo:

 

- Auto de Fé de 22/2/1501 é morto pelo menos um português - Luis Dias, alfaiate de Setubal

 

- Estevan de Çapata (Zapata?), mercador. Morto em 1581

- Diego Enríquez (mercador de tecidos), morto em 1581. A  sua mulher Justa Febos e outros familiares foram presos e espoliados. Moravam em Toledo.

- Manuel Thomas. Morto em 1581.

 

- Felipe de Nájera, bacharel médico em Argamisilla. Foi preso em 1605 e depois em 1607. Profetizou que Portugal iria ter um novo rei, livrando-se do domínio espanhol. A sua confiança no futuro do país era impressionante. 

 

- Joana Carpio, morava em Granada. Foi presa a 19/8/1616.

- Felipe Godinez, poeta e dramaturgo. Preso em 1624

 

As prisões eram continuas. Em 1625, um grupo de portugueses é preso, denunciado por Diego de Lima, provavelmente também portugues.

 

- Diego Garcia (português), segundo a Inquisição, em 1630, denunciou voluntariamente dezenas de portugueses. 

- Juan Núnez de Saraiva, um dos maiores banqueiros do tempo, foi preso em 1632 e levado um Auto de Fé, com outros portugueses a 13/12/1637.

- António Diaz Montesinos (1582-1633), natural de Mogadouro, foi morto a 22/5/1633. A sua mulher (Isabel Rodrigues) e outros familiares acabaram também presos. 

 

É impressionante a listagem dos portugueses que estavam presos, em 1634, nos cárceres da Inquisição de Toledo, revelando claramente que eram o seu principal alvo (13).

 

- Bartolomé Febos ou Febo, negociante, morador em Madrid. Preso m 1634 e morto em 1636 (10).

- Miguel de Silveira, nascido em 1580 na vila natural de Celorico da Beira. Foi preso em Madrid (1635), acusado de judaísmo. Conseguiu fugir no ano seguinte para Nápoles, onde publicou os seus mais conhecidos poemas. 

- Manuel Fernandes, banqueiro. Preso em 1636.

 

Depois de 1640, quando Portugal restaurou a sua independência, vários nobres portugueses que não aceitaram no novo rei (D. João IV), passam a colaborar com a Inquisição espanhola na perseguição de portugueses que viviam em Espanha. É o caso de Agostinho de Lencastre, natural de Lisboa, Duque de Abrantes. Em 1680 solicitou o cargo de familiar da Inquisição de Toledo (9).  

 

- Gaspar Méndez de Vaez, natural de Portalegre, morto a 20/3/1641 no "hospital" da Inquisição. 

- Diego Saraiva, financeiro. Foi preso em 1641, acabou espoliado.

- Esteban Luis Diamante, financeiro. Preso em 1646, acabou espoliado. Era sócio de outros portugueses: Gaspar e Alfonso Rodrigues Pasarino (Foi preso e espoliado).

- Manuel Enrique, financeiro. Foi preso em 1647, acabou espoliado.

- Valeriano de Figueiredo, frade. Preso em 1648.

 

No Auto de Fé de 13/11/1651, pelo menos 8 portugueses forma condenados, entre eles:  Gabriel Enríquez, natural de Viseu, morador em Madrid; Gaspar Álvarez Çereço, natural de Torre de Moncorvo. 

 

O ano de 1655 é marcado por uma brutal repressão aos portugueses residentes na região de Madrid. No inicio de Setembro 11 famílias são presas e espoliadas. Em meados do mês são presos 11 homens de negócio portugueses. O objectivo dos espanhóis era o saque.

 

- Rodrigo Núnez da Silva, mercador de tabacos, natural da Guarda, vizinho de Colmenar (Madrid). Morto em 1655.

- Juan López de Castro e a sua mulher Ysabel Rodriguez, foram presos em 1655 e mortos em 1660.

 

- Luis de Lima Coronel, membro de uma familia de Ponte de Lima, é preso em 1659. Fora já preso em Cuenca (1643).

 

- Simón Fernandez de Acosta e a sua filha Maria Nunez, estabelecidos em Hita (Guadalajara), foram presos em 1660 e condenados no ano seguinte. 

- Joseph de Borxes ou Borjes, comerciante de tabaco. Estava preso em 1660.

 

- Ana da Costa, com apenas 15 anos, é presa em 26/5/1662.

- Melchior Méndez de los Rios, preso em Madrid em 1666.

- Luis Marquez Cardozo, diretor do monopólio de tabacos. Morto no Auto de Fé de 1669.

 

No Auto de Fé de 1670 é condenado, entre outros, Diego Lopez Pereira.

- Leonor Lopez, presa em 1670.

- Pedro Rodriguez Ferro, mercador. Preso em Setembro de 1670.

 

- As principais familias da comunidade portuguesa de Pastrana, em especial - os Oliveira, Simón Muñoz de Alvarado e os Mendes - a partir de 1678 começam a sofrer uma brutal perseguição da Inquisição. A comunidade estabeleceu-se aqui no século XVI, ligada à produção e comercialização de seda. 

- Beatriz de Campos, presa em Dezembro de 1678.Morreu nos cárceres da Inquisição.

- Francisco Suarez (Abran Suarez), morreu nos cárceres da Inquisição (1679/1680).

 

- Manuel Pimentel, mercador, a sua esposa Blanca Rodriguez Francia e o seu filho Simón Pimentel, moradores em Cádiz, são pesos em 1690.

- Francisco Baéz Eminente, o maior financeiro de Castela ao tempo. Condenado em 1691. 

 

- Diego Mateo Zapata (1664 -1745 ),médico, filho de portugueses. A sua mãe foi morta pela Inquisição (1681), assim como o seu pai. Diego foi preso em 1692.

 

A primeira metade do século XVIII é marcada por grandiosos Autos de Fé em Madrid, Sevilha e Granada, onde os portugueses se destacam entre as principais vítimas. 

- Sebastían Antonio Paz, administrador das rendas de tabacos. Auto de Fé de 19/3/1721.

- Juan Rodrigues, 33 anos, condenado em 1726 a 8 anos de prisão e às galés.

 

 

Inquisição de Valladolid

(1488-1834)

Este tribunal estava no centro de uma das principais rotas seguidas pelos portugueses para atingirem a França e os países do Norte da Europa. Calcula-se que mais de 250 portugueses tenham sido presos ou mortos nos seus cárceres.

 

Entre 1519 e 1648 este tribunal e o de Sevilha não deram descanso aos portugueses que seguiam ideias protestantes, pelo menos 12 foram presos (24).

 

- Andreas de Prohaza, estudante de medicina português é preso em Valladolid, em 1548, sob a acusação de práticas diabólicas. 

 

- No Auto de Fé de 21/5/1559, é morto pelo menos um português - Gonçalo Baez -, oriundo de Lisboa, que havia sido preso em Medina del Campo.

 

- Genéz Fonseca, estudante artista de Penamacor. Preso em 1567/74

- Blanca Henriquez, presa em 1567/74

 

Os estudantes portugueses na Universidade de Salamanca, em Abril de 1582, espalham pela cidade a profecia que a Espanha iria entrar em várias guerras e a morte de Filipe II estaria para breve, em consequência da anexação de Portugal. O facto provocou a intervenção deste tribunal (20).

 

- Andrés de Fonseca, natural de Miranda do Douro, advogado de muitos portugueses em Espanha, morador em Madrid. Foi julgado em Valladolid em 1624 voltou a sê-lo em Cuenca, no Auto de Fé de 29/6/1654.

 

Numa visita da inquisição a Segovia, em1630, fica-se a saber que estavam nos cárceres 7 portugueses e 2 ou 3 outros estavam a ser perseguidos (19).

 

Em 1640, os inquisidores de Valladolid lançam-se na caça aos portugueses e aos seus bens.

 

A inquisição de Valladolid, notabilizou pela brutal repressão dos portugueses na década 20 do século XVIII (7). Depois de 1730, os historiadores identificaram mais de 340 julgamentos de portugueses, 42 dos quais acabaram condenados à morte.

 

 

Inquisição de Valência

(1482-1834)

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Valência:

 

- Daniel Português é morto em 1/8/1502 

- António Enriquez foi morto em 1598, acusado de sodomia.

- Luis Portugues. Foi denunciado à Inquisição, em 1626, por um seu vizinho de Tortosa, por práticas de sodomia (cfr. Archive Historico Nac. Inq.Libro 940, fol. 232)..

 

 

Advogados portugueses em Espanha

Muitos foram os advogados portugueses que no estrangeiro procuraram defender os vítimas da Inquisição. Um trabalho a publicar em breve.

- Manuel Rodrigues de Elvas. Madrid, 1622

- Duarte Fernandes, Madrid, 1622

   

Carlos Fontes

 

  Notas:

(1 ) Inquisição na Galiza: Contreiras, Jaime - El Santo Ofício de la Inquisición en Galicia, 1560-1700...

(2 ) Inquisição de Toledo: Carrasco, Rafael - Inquisición y judaizantes portugueses en Toledo (segunda mitad del siglo XVI), in, MANUSCRITS, ng 10, Enero 1992, phgs. 41-60.

(3 ) Hervás, Marciano de - La Inquisición en el señorío de Béjar y sus consecuencias, 1514-1515,

(4 ) Splendiani, Anna María e outros - Cinquenta Años de Inquisición en el Tribunal de Cartagena de Indias (1610-1660),Bogotá : Centro Editorial Javeriano - Instituto Colombiano de Cultura Hispánica, 1997.

(5) Caldas, Victoria González de - Judios ou Cristianos? ...

(6) Kamen, Henry - La Inquisicion Española: Una Revisión Historica... p. 282

(7) Prado Moura, A- La Inquisicion de Valladolid y ...

(8) Mora, Adelina Sarríon - Medicos e Inquisicion en el Siglo XVII, p.57

(9) Braga, Paulo Drumond - A Habilitação de D. Agostinho de Lencastre....

(10) El Proceso de Bartolomé Febos, o Febo, in, Homenaje a Ramon Carande, 2 vols.Madrid. 1963

(11) Berceo, Maria del Carmen Sáenz - El Traslado del Tribunal Inquisitorial de Valladolid a Medina Del Campo, in Brocar (1998), p.185-198.

(12) Bravo, Maria Antónia bel - Safarad - Los Judios en España...

(13) Baroja, Julio Caro - Los Judios en la España Moderna y Contemporanea ...

(14) Boeglin, Michel - Inquisicion y Contrarreforma: el Tribunal de Santo Oficio de Sevilla (1560...

(15) Quevedo, Ricardo Escobar - Inquisicion y Judaizantes en América española (siglos XVI-XVIII)

(17) Alcalde, Maria Palacios - La Inquisición en Écija, in Rev.Fac. Geografia y Hist., nº.4, 1989

(18) Llorente, Juan António - Historia Critica ...., p.166

(19) Berceo, Maria del Carmen Sáenz - La Visita en el Tribunal del Santo Oficio de la Inquisicion de Valladolid (1600-1650), in, Rev. Inq., 1998

(20) Heredia, Vicente Beltrán - Misceleanea...p.337

(21) Kamen, Henry - La Inquisicion Española: Una Revisión Historica...

(22) Baroja, Julio Caro - Los Júdios en la España Moderna y Contemporanea... vol.1, p.474 

(23) Kamen, Henry, ob.cit, p.148.

(24) Werner, Thomas - Los Protestantes y la Inquisicion en España ...

(25) Medina, Jose Toribo - História del Tribunal de la Inquisición de Lima (1569-1820) ...

(26) Carrasco, R. - Preludio al Sigo de los Portugueses. La Inquisicion de Cuenca y los Judaizantes lusitanos en el Siglo XVI, Hispania, XLVII/166 (1987)

(27) O Conde-Duque em 1643 foi afastado por alegada cumplicidade com D. João IV.

(28) Carvacho, Réne Millar - La Inquisicion de Lima: Signos de su decadencia, 1726-1750

(29) Mendes, Maria Victoria González de Caldas - Judios ou Cristianos? ... p.161

(30) Belinchón, Bernardo José Lopez - "Sacar la Sustancia al Reino", Comercio, Contrabando y Conversos Portugueses, 1621-1640, in, Hispania, LXI/3, 209 (2001).

(31) Ortis, António Dominguez - História de Sevilla: el Sevilla del Siglo XVIII...

(32) Garcia, Arturo Morgado - La Diócesis de Cádiz ... p.414

(33) Mora, Adelina Sarrian, ob.cit, p.78

(34) Existe em português um relato deste Auto de Fé: ANTT, Inquisição de Lisboa, Papéis Diversos, nº. 16.173

(35) Coronas Tejada, Luis. “Soborno en la Inquisición de Córdoba por portugueses a mediados del siglo XVII”, en Proceedings of the Ninth world Congress of Jewish Studies. Jerusalem, 1985.

(36) Ebben, Mauricio - Un Triangulo Impossible: La Corona Española, El Santo Oficio y los Banqueros portugueses, 1627-1655, in Hispania, LIII/2, nº. 184 (1993); J. Boyajian - Portuguese Bankers at The Court of Spain, 1626-1650. New Brunswisck.1983; Broens, Nicolas - Monarquia y Capital Mercantil: Filipe IV y las Redes Comerciales Portuguesas (1627-1635), Madrid. Univ. Autonoma.1989, etc

(37) Mendes, Maria Victoria González de Caldas - El Santo Oficio en Sevilla ...p.69/70 

(38) Boeglin, Michel - Moral y Controlo Social: El Tribunal de la Inquisicion de Sevilla (1560-1700) ..

(39) Ortis, António Dominguez - La Inquisición en Andalucia, en Estudios sobre Iglesia y Sociedade en Andalucía en la Edad Moderna, Univ. de Granada. Granada, 1999. 

(40) Perez, Joseph - Breve Historia de la Inquisicion en España...

(46) Dadson, Trevorj - Los Moriscos de Villarubia de los ojos (siglos XV-XVIII)..

(48) Ramón, António Pénafiel - Redutos Judaizantes en el Siglo  XVIII - El Tribunal del Santo Oficio de Murcia ...

(49) Carrasco, Rafael - Preludio al "Siglo de los portugueses", La Inquisición de Cuenca y los Judaizantes Lusitanos en el Siglo XVI, Hispania, XI, VII/166 (1987).

(51) Bennassar, Bartolomé - Inquisición ...p. 114

(52) Martinez, Pedro Miralles - Seda, Trbajo y Sociedade en la Murcia del siglo XVII ... (tese de doutoramento) p.515 segs.

(53) Tejadas, Luis Coronas - Judios y Judeosconversos en el Reino de Jaén

(54) Arández, Álvaro Santamaria - Sobre la Condición de los Conversos y Chuetas de Mallorca, in Espacio, Tiempo y Forma, Série II, Hª. Medieval, T. 10 (1997), pp. 219-261

(55) Hernandez, Luis Alberto e Anaya - Las Relaciones de los judeosconversos portugueses de Holanda con los de Canaria y América através de su correspondência...

(56) Pedro Carrillo de Huete - Cronica del Halconero de Juan II, pp. 151-152...

(57) Splendiani, Anna María e outros - Cinquenta Años de Inquisición en el Tribunal de Cartagena de Indias (1610-1660)...

(58) I.S. Révah, Le Procés Inquisitorial contre Rodrigo Méndez Silva, historiographe du Roi Philippe IV, in, Bulletin Hispanique (1965),vol.67

(59) Sebastião Pais de Vega, acompanhou a expedição de D. Sebastião. Foi feito presioneiro. Acabou por se tornar administrador económico do rei de Fez - Mawli Sayj. Negociou a entrega do porto de Larache a Espanha, em troca de apoio militar ao rei de Fez. Em 1610 fugiu para Lanzarote com outros portugueses, com um grupo de escravos.

 

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