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A Exposição no Palácio Pimenta (Museu da Cidade) parte de 12 lugares de Lisboa, conta uma pequena história dos mesmos e associa-lhes o nome de 12 pessoas. Nem sempre a ligação é evidente.
Valentim de Barros (1916-1986), está associado à Estefânia, facto irrelevante. Teve aulas de dança clássica com uma professora alemã (Ruth Aswin). O pai, prestigiado professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, em biologia, contrariava a sua vocação. Quando se separou para casar-se com uma cidadã alemã, deixou a esposa com oito filhos. Valentim, o mais novo de todos, fugiu de casa. Andou por boites de Madrid, cabarés de Barcelona, acabou preso. A Espanha estava em guerra. Novamente em fuga foi para França, Itália e Alemanha. Aqui passou pelo Teatro da Ópera de Berlim, integrou o corpo de baile do Teatro de Ópera de Estugarda. Foi deportado para Portugal em 1938, preso pela Polícia Política e internado no Hospital Miguel Bombarda (Hospital de Rilhafoles) como mitómano e homossexual. Diz-se que julgava ser Nijinsky e uma mulher. Em 1948 foi internado no conhecido Pavilhão de Segurança deste hospital, submetido a electrochoques e uma leucotomia. Na sua "cela" tinha uma gaiola com piriquitos. Teve alta em 1974.
Dando um salto até à Lapa, ficamos a saber que foi o "primeiro" bairro clandestino de Lisboa. Aqui a personagem escolhida foi o Olissipografo Augusto Vieira da Silva (1869-1951), esteve ligado à criação do Museu Municipal no Palácio das Galveias (1931). A sua colecção privada foi adquirida pela CML em 1953. As casas clandestinas foram uma iniciativa das freiras no Convento das Trinas do Mocambo depois do terramoto de 1755. A CML só autorizava então a construção de barracas em madeira, elas insistiram na construção de casas de pedra e cal. O bairro acabou por ser legalizado a 12 de maio de 1758.
Nas pequenas histórias desta exposição, surge a Casa dos Bicos no Campo das Cebolas, desta vez a personagem escolhida foi Amália Rodrigues (1920-1999). A diva pretendeu criar aqui uma casa de fados. A ditadura tinha projectado para mesma um museu dedicado a Goa, Dão e Diu, possessões coloniais que um dia haveriam de "ser recuperadas". O tema ainda em Abril de 1974 era noticia nos jornais.

Para orientar o visitante nestas deambulações pela cidade, foram espalhados algusn mapas da cidade de Lisboa, nomeadamente da sua expansão para Belém e os Olivais
Estas e outras nove histórias podem ser vistas e lidas no Museu da Cidade/ Palácio Pimenta, numa exposição patente até 22 de Março de 2026. |
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