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Percurso pelo bairro da Graça em 
Lisboa 
O que pode visitar? Não faltam motivos de interesse, siga 
a sequência das nossas sugestões. 
  
Jardim da Convento da Graça. Inaugurado em 2015 
ocupa a antiga cerca do Convento. 
(Ao fundo do jardim suba as escadinhas do 
Caracol 
da Graça até ao Miradouro da Graça) 
  
  
1. Miradouro da Graça. Pode observar-se uma das belas vistas do castelo 
de S. Jorge, o monte à volta do qual se começou a formar a cidade de Lisboa, mas 
também a Mouraria, Martim Moniz, o Convento do Carmo ou o Miradouro de S. Pedro 
de Alcântara mesmo em frente. 
 
  
  
  
2. Igreja e Convento da Graça. Fundada em 1291 pela ordem religiosa dos 
Agostinhos Descalços sob a invocação de Santo Agostinho, tendo em 1305 mudado 
para Nª. Srª. da Graça. Foi a sede da Ordem em Portugal. 
  
  
  
Em 1556 a Igreja e o Convento foram profundamente 
transformadas, sob o governo do vigário-geral Luis de Montoya, tornando-se num 
dos mais imponentes templos da cidade. 
  
No século XVI foram sepultados neste convento três vice-reis da 
India, cujos túmulos se perderam devido ao terramoto de 1755. Á entrada da 
Igreja, do lado esquerdo, podem todavia ver-se os túmulos de Rui Gomes de 
Alvarenga e D. Melicia 
Soares de Melo, pais do III vice-rei da India - Lopo Soares de Albergaria 
(1515-1518).  O outro túmulo, mais simples, é de Gonçalo Lourenço Gomide, 
bisavô de 
Afonso de Albuquerque, que
em 1566 foi também aqui 
sepultado. 
 
  
Em 1586 foi constituída a irmandade de Vera Cruz e 
Passos de Cristo, por Luis Alvares de Andrade, pintor régio, que no ano seguinte 
organizou a primeira procissão dos passos da Graça, que durante séculos foi das 
mais imponentes e participadas de Lisboa.  
 
  
A procissão fazia o percurso entre a Graça e S. 
Roque para lembrar a falta de piedade dos jesuítas de S. Roque. Diz a lenda que 
um peregrino que aqui pedira ajuda foi desprezado. Desceu então ao Rossio, 
atravessou a Mouraria e só na Graça foi ajudado pelos agostinhos. No outro dia 
foi encontrado aos pés da imagem de cristo. 
  
  
  
A forte presença de negros na cidade de Lisboa 
está bem patente num dos altares da Igreja, o de Nossa Senhora do Rosário,
de grande devoção de negros e escravos. A 
virgem está acompanhada de quatro santos negros - Santo António do Noto, São 
Benedito de Palermo, 
Santo Elesbão e Santa Efigénia. 
  
Famosa foi também a imagem de Nossa Senhora da 
Pérsia, que reza a tradição esteve em Ormuz, foi levada para a Pérsia quando 
Portugal perdeu esta praça forte (1622). Os frades agostinhos conseguiram 
comprá-la, enviaram-na para Goa e em 1644 veio para Lisboa.  
  
No inicio do século XVIII, D. Mendo de Foios 
Pereira (Tomar, 1643-Lisboa,1707), o poderoso e influente secretário de 
Estado de D. Pedro II, e o seu irmão António Botado, bispo de Hipona, 
financiam a construção da nova sacristia (barroca) e fazem-se tumular no local. 
Pedro Alexandrino de Carvalho pinta no teto várias alegorias . 
 
  
Todo o conjunto monumental após o terramoto de 1755 foi profundamente remodelado. O 
projecto da igreja e convento são da autoria de Caetano Tomás de Sousa, e a torre 
sineira de M. Costa Negreiros. Não deixe de visitar o 
camarim do Senhor 
dos Passos da Graça (século XVIII). 
  
  
Torre sineira (1738), obra de Manuel da Costa 
Negreiros (1702-1750) 
  
A igreja e o convento possuem uma riquíssima 
colecção de azulejos, dos séculos XVII e XVIII, nomeadamente na parte militar (refeitório e terraço) de 
que possuímos um rigoroso levantamento de Santos Simões. É um verdadeiro crime 
cultural que a 
população não tenha acesso pleno a este monumento nacional (1910). A cobertura 
da Igreja foi decorada em 1904 por João Vaz e Elói do Amaral.   
  
  
3. Jardim do Convento da Graça. Um dos mais 
frequentados do bairro, mas também dos mais desprezados de Lisboa. 
  
  
4. Vila Sousa ("Vila Operária").  Foi um antigo Palácio dos Condes de 
Azambuja, depois de Loulé. Em 1820 foi praticamente destruído num incêndio. Em 
1890 foi transformado num edificio de habitação, denominado Vila Tomaz. 
Novos proprietários mudaram-lhe o nome para Villa-Sousa, nos anos vinte 
do século XX.  
  
  
4.1. Botequim da Graça (Villa Sousa). O célebre bar Natália Correia 
abriu em 1971, com Isabel Meyreles. 
(descer pela Travessa das Mónicas) 
  
5. Palácio dos Senhores de Trofa. O 9º 
senhor, em 1739, mandou construir este enorme palácio. Resistiu ao terramoto de 
1755, mas não ao tempo. O que dele resta, pouco mais é do que fachada. 
 
  
  
Rua das Mónicas 
  
6. Convento de Santa Mónica. Fundado em 1586, por Maria Abranches, filha de 
Alvaro Abranches, capitão de Azamor. Pertencia à Ordem das Agostinhas Descalças, 
tendo por invocação Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho. Embora tenha sido 
extinto em 1864, a última monja - Maria Leonor Bonança de Lencastre - faleceu 
neste convento em 1870, a 
Igreja do Convento foi neste ano cedida à Irmandade de Santa 
Cruz e Paixão. 
Em 1889 foi transformado na Casa de Correcção das Mónicas, destinada a 
raparigas. Em 
1917 em cadeia para mulheres, sendo desactivada em 1989. Aqui se instalou então 
um grupo de teatro até 2006. A degradação do Convento e da sua cerca são cada 
vez mais evidentes. 
 
  
Foi na Travessa das Mónicas, no nº.57-1º. andar que 
viveu e faleceu a poetisa e escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. 
Foi também nesta travessa que nasceu e viveu durante largos anos 
Marcelo Caetano, o ditador que em 1968 sucedeu a Salazar. 
 
  
(Siga em direção à Travessa de São 
Vicente e depois suba a Rua da Voz Operário) 
  
  
  
7.Caixa Económica Operária. Fundada em 1876 foi a primeira cooperativa de 
Lisboa. Na mesma rua estabeleceu-se em 1887 a sociedade Voz do Operário, 
cujo edifício começou a ser construído em 1912 e só foi concluído em 1932, 
segundo um projecto de Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), um dos grandes 
arquitectos do bairro. 
  
  
Travessa de São Vicente (antiga Travessa das Bruxas) 
À semelhança do que acontece um pouco por todo o 
Bairro da Graça, nos locais mais inesperados, murais de grandes dimensões 
exprimem as várias correntes da "arte de rua" que se faz em Portugal.  
  
  
8. Largo da Graça. Antigo largo do Convento da Graça adquiriu a sua 
actual configuração no século XIX. O ambiente é caótico, mas pode aqui encontrar 
muitos motivos de interesse.  
  
  
  
9.Escola Oficina Nº.1 (largo da Graça). 
Fundada em 1906 por um grupo de 
anarquistas ligados à maçonaria (Grande Oriente Lusitano), desenvolveu um 
projecto educativo - a Educação Nova - assente na liberdade de 
aprendizagem das crianças. 
 
  
  
  
  
  
10.Paragem 
do Eléctrico 20 (Largo da Graça). Verdadeiro ícone de Lisboa, começa o seu 
percurso até à Estrela no Largo da Graça. Não deixe de fazer esta agradável 
experiência, mas tenha cuidado com os carteiristas... 
  
  
  
11. Quartel da Graça. Depois da extinção das 
Ordens Religiosas, em 1834, grande parte do convento foi transformado num 
quartel militar. O Regimento de Infantaria 10 terá sido o primeiro a 
ocupar o Convento, seguindo-se o Regimento de Infantaria 5, depois o 
16, etc.. 
  
Neste espaço funcionou os mais diversos serviços do exercito: Estado-Maior, Centro de Recrutamento, o Jornal do Exercito 
(1963), etc. Depois de sair 
a tropa, o espaço foi mais recentemente ocupado pela GNR. 
 
  
Entre os muitos acontecimentos ligados a este 
quartel, como a implantação da 1ª. República (1910-1926) e os  golpes 
militares que ocorriam com alguma frequência. Nas vésperas do 25 de Abril de 
1974 destacamos a acção contra a guerra colonial: o atentado à bomba que foi 
alvo por parte das Brigadas 
Vermelhas, a 9/03/1973, que atentaram também contra o Quartel-Mestre General e o 
Distrito de Recrutamento em Lisboa.  
  
(entre na Travessa da Verónica) 
  
 
Percurso pelo 
Bairro da Graça 
 
(continuação) 
  
  
Carlos Fontes 
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