Jornal da Praceta

Informação sobre a freguesia de Alvalade

(Alvalade, Campo Grande e São João de Brito )

Escola Eugénio dos Santos

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Dois estabelecimentos escolares percursores em Alvalade:

 Escola Técnica Elementar Eugénio dos Santos e  Liceu Feminino D. Leonor.

 

A Escola Eugénio dos Santos foi um dos primeiros estabelecimentos a serem construídos em todo o país no âmbito da Reforma do Ensino Técnico de 1947/1948.

Dez anos depois quando foi lançado um novo programa de construções de liceus, com particular destaque para os femininos, um dos primeiros a ser construído foi o liceu D. Leonor.

O bairro de Alvalade pela sua estrutura modelar, foi em ambos os casos o espaço escolhido para a implantação destes edifícios que pretendiam marcar uma nova etapa na educação em Portugal.

Escola Eugénio dos Santos

A Escola foi criada em Agosto de 1948, com o nome de Escola Técnica Elementar de Eugénio dos Santos. Das 18 Escolas do Ensino Técnico Elementar promovidas pelo Decreto de 11 de Julho de 1947, nº 30.406, foi a primeira a ser construída. Iniciada a sua construção em 11 de Julho de 1949, foi concluída no tempo recorde de 18 meses ( 15 de Novembro de 1950 ). Foi o primeiro estabelecimento escolar não primário construído no bairro de Alvalade.

 

O projecto foi concebido em 1949 por José Costa e Silva, arquitecto dos serviços da JCETS. O escudo e os relevos no edifício central são da autoria de Álvaro de Brée.

 

Foi projectada para 1000 alunos, exclusivamente masculinos. O ensino estava dividido em dois graus:

 

a) Ensino Técnico Elementar. Um grau então criado e que consistia num ciclo preparatório com a duração de dois anos.

 

b) Ensino Técnico. Constituído por cursos profissionais, industriais e comerciais.

 

A escola foi implantada junto à zona reservada à industria e artesanato no Bairro de Alvalade. A sua fachada foi virada para uma das ruas que ainda hoje possuía uma intensa atividade comercial - Rua Luis Augusto Palmeirim.

 

Foi inaugurada a 6 de Janeiro de 1951. Em 30 de Setembro de 1950, foi nomeado o seu primeiro director: António Gonçalves Mattoso, pai do conhecido historiador José Mattoso.

 

Em 1968 passou a chamar-se Escola Preparatória de Eugénio dos Santos e, em 1993, por ter também alunos do 3º ciclo, Escola EB 2+3 Eugénio dos Santos (o que quer dizer: Escola do Ensino Básico dos 2º e 3º ciclos de Eugénio dos Santos).

 

No ano lectivo de 2004/05 constituiu-se o Agrupamento de Escolas Eugénio dos Santos, constituído pela EB1 Santo António, EB1 Bairro de São Miguel, EB1 Fernando Pessoa, EB1 Hospital Dona Estefânia e EB23 Eugénio do Santos.

 

Em 2012/13 este agrupamento passou a incluir a Escola Secundária Rainha Dona Leonor, cuja patrona deu o nome ao novo agrupamento.

 

No ano lectivo de 2013/2014 a Eugénio dos Santos contava com 37 turmas, 968 alunos, 84 professores e 19 assistentes operacionais.

 

 

Escola Secundária Rainha Dona Leonor

O Liceu Rainha D. Leonor foi criado pelo Decreto - Lei nº. 36.495 de Setembro de 1947, para funcionar na zona ocidental da cidade de Lisboa com frequência exclusivamente feminina. 

Situava-se, na altura, na rua da Junqueira 66 - 68, no antigo Palácio da Ribeira, local onde passou a funcionar a Escola Secundária Rainha D. Amélia. 

O plano de novos liceus lançado em 1958, previu desde logo a construção de um liceu exclusivamente feminino em Alvalade. Foi pensado para 1000 alunas, repartidas por 24 turmas.

O projecto é da autoria de Augusto Brandão. As obras iniciaram-se ainda em 1958, sendo o liceu inaugurado em 1961. Domingos Soares Branco concebeu uma excelente escultura da rainha patrona da escola (1961). A arquitectura desta escola assim como a da Eugénio dos Santos estava já estilisticamente desfasada dos edifícios escolares que já existiam no bairro de Alvalade.

A escola era constituída por apenas dois blocos, em "L", um para aulas e outra para os ginásios/refeitório. Em 1966 foi construído um novo bloco paralelo ao ginásio/refeitório constituído por 15 aulas.

A partir do ano lectivo 1974/75, a população escolar, em estabelecimentos de ensino oficial, passou a ser mista, tendo o termo de Liceu dado lugar à designação de Escola Secundária. 

O ensino abrange actualmente do 7º. ao 12º. Ano, funcionando em regime diurno e nocturno.

Entre 2009 e 2011 a escola foi alvo de uma profunda remodelação, que a transformou num dos mais magníficos e bem equipados estabelecimentos escolares de Portugal.

No ano lectivo de 2013/2014 contava com 44 turmas, 1345 alunos, 106 professores e 28 assistentes operacionais.

Carlos Fontes

 
 

Quem foi Eugénio dos Santos ?

"é Eugénio dos Santos, e só ele, o "arquitecto pombalino", aquele que criou o "estilo pombalino", tomado na sua pureza original, na sua essência e nas suas responsabilidades culturais maiores, para com um novo tempo", José-Augusto França - Lisboa Pombalina e o Iluminismo.

Eugénio dos Santos e Carvalho (1711-1760), engenheiro militar (1). Frequentou a aula de arquitectura Civil da casa das Obras dos Paços Reais e a Aula de Fortificação e Arquitectura Militar da Ribeira das Naus (a partir de 1735).

A sua competência como engenheiro-arquitecto militar foi posta à prova nas alterações que fez no Paço -Castelo de Estremoz para instalar o Armazém de Guerra (1735-1742), e depois nas obras reais de Nossa Senhora das Necessidades em Lisboa (1742-1752), construção de habitações na rua das necessidades, etc.

Dado os excelente trabalho que realizava foi nomeado, em 1750, arquitecto supranumerário da casa das Obras e dos Paços Reais, e no ano seguinte, arquitecto do Senado de Lisboa.

Na sequência do terramoto de 1 de Novembro de 1755, o engenheiro-mor do reino, Manuel da Maia (1677-1768), deu-lhe a chefia de uma das três equipas encarregues de elaborarem propostas para a reconstrução da Lisboa.

A sua primeira proposta (planta nº3, entregue a 31/03/1756), realizada em colaboração com António Carlos Andres (act. 1750-1779), regulariza as artérias das ruas da área de intervenção, assim como o espaço do antigo Terreiro do Paço. Uma solução que foi bem aceite. Nesse sentido, coube-lhe elaborar uma nova plana (a nº5, entregue a 19/04/1756), que veio a constituir o Plano Geral de Reconstrução da Baixa.

Na nova Lisboa desenhada por Eugénio dos Santos, e aprovada desde logo pelo Marques de Pombal, todas as construções que ainda restavam deviam ser arrasadas. As ruas eram amplas e assentava num traçado rectilíneo,  e convergiam para uma imponente praça - a Praça do Comércio (191x183 metros). No centro desta praça esboçou inclusive a estátua equestre de D. José, que veio a ser concretizada por Machado de Castro (inaugurada Julho de 1775). Projectou igualmente um arco o fecho da rua principal, a rua Augusta. A  concepção urbanística é claramente iluminista.

Planta Final para o plano-piloto da Baixa-Chiado, assinada por Eugénio dos Santos e Carlos Mardel e datada de 1758. Nesta planta a área de intervenção foi consideravelmente alargada em relação à Planta de 1756 (a nº5), mas mantiveram-se os mesmos princípios estruturantes.

Em consequência da escolha da sua proposta para a reconstrução de Lisboa foi a 12 de Junho de 1756 nomeado director da casa do Risco das Obras Públicas, então criada para coordenar a obra de reconstrução. Foi nomeado também arquitecto do Antigo Celeiro Público (1756), Arsenal da Marinha - Ribeira das Naus (1757), Alfandega e Praça do Comércio (1758), devem-se-lhe muitos outros edifícios e colaborações, tais como a Fábrica do Tabaco ou o Mosteiro de S. Bento da Saúde (atual Assembleia da República).

Entre os seus colaboradores destaca-se Carlos Mardel (1695- 1763) que lhe sucederá, em 1760, na direção da Casa do Risco e que suavizará o rigor militar da arquitectura do capitão Eugénio dos Santos.

Coube a Carlos Mardel alterar  em 1760, alguns dos erros da planta de Eugénio dos Santos resultantes de medições mal efectuadas, e desenhar a Praça do Rossio, um dos elementos urbanísticos fundamentais da nova Lisboa (2). 

Praça do Comércio. O projecto emblemático de Eugénio dos Santos.

 

Praça do Comércio. Eugénio dos Santos projectou também um marco para a ligação entre a Rua Augusta e a Praça do Comércio.

 

Alfandega da Lisboa - antigo Celeiro Público, projecto de Eugénio dos Santos (1756). Este edificio fez parte do enorme conjunto de empresas e património público que foi vendido ao desbarato entre 2011 e 2105 pelo governo de Passos Coelho-Paulo Portas (PSD-CDS).

Arsenal da Marinha, projecto inicial de Eugénio dos Santos.

 

Na cidade do Porto é obra sua o tribunal e a Cadeia da Relação, e nas Caldas da Rainha o seu hospital termal.

Tribunal e Cadeia da Relação, Porto. Projecto de Eugénio dos Santos

No relato que dele fez o seu filho, nunca teve um dia de descanso, morrendo muito novo esgotado.

Carlos Fontes

 

 
  Notas:

(1) Eugénio dos Santos e Carvalho, nasceu em Aljubarrota. A sua esposa pertencia a uma familia de arquitectos da corte, os Costa Negreiros.

(2) A produção de Carlos Mardel é muito vasta, destacando-se o Colégio dos Nobres, Casa das Varandas ( 1741, junto à Casa dos Bicos), Igreja de S. João Nepomuceno (1737, demolida), Mãe-d-Água das Amoreiras, o chafariz da Esperança e o do Rato. Construiu o Palácio da Inquisição, em Lisboa. No terreno da familia do Marquês de Pombal, na Rua Formosa (atual Rua d`O Século) concebe o conjunto urbanístico, e em Oeiras o Palácio do marquês. Projectou  o bairro fabril das Amoreiras. Possui obras espalhados por Coimbra, Ourém, Salvaterra e Avis.

 

 
   

Bibliografia:

- França, José-Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo. Livraria Bertrand. Lisboa. 1977

- Ferrão, Leonor - Um oficial do Génio e a Nova Lisboa, n, Monumentos 21. Set. 2004

- Ferrão, Leonor – Eugénio dos Santos e Carvalho, Arquitecto e Engenheiro Militar (1711–1760): Cultura e Prática de Arquitectura [texto policopiado]. Lisboa, 2007. 2 vols. Tese de Doutoramento em História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

- Rossa, Walter -

 

   
 
 

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