Alvalade de Lés a Lés

Critérios para a seleção das principais etapas nos percursos:

- Pontos históricos da freguesia (monumentos, antigas vias de acesso, etc.)

- Conjuntos urbanísticos marcantes do bairro

- Espaços verdes

- Locais diversificados que permitam refletir sobre o estado, utilização e gestão dos espaços públicos.

 

Percurso 1

Ao contrário de outras freguesia de Lisboa, como o Lumiar ou Benfica, a freguesia de Alvalade não surgiu em torno de um núcleo populacional, mas de uma estrada, um vasto terreiro (logradouro público) e uma igreja. Toda a zona ainda no inicio do século XX era constituída por múltiplas quintas agrícolas e de veraneio nos arredores de Lisboa.

A primeira referência precisa à sua existência como freguesia data de 1620, quando aparece a menção à freguesia dos Santos Reis Magos. Fazia parte do termo de Lisboa. Entre 1852 e 1885 fez parte do concelho dos Olivais, quando foi desanexada para fazer parte do concelho de Lisboa. Em 1959 a freguesia do Campo Grande é divida em três freguesias (Campo Grande, Alvalade e São João de Brito), voltando a reunirem-se em 2013, agora sob a designação de Alvalade.

1. Igreja dos Santos Reis Magos

(Campo Grande, lado Oriental)

Remonta ao século XVI a noticia da existência de uma ermida com esta evocação. O terramoto de 1755 destruiu quase completamente a ermida. Em 1773 iniciou-se a reconstrução da Igreja, com o produto de donativos, de lotarias da Misericórdia e da feira.

Explorar:

- O Campo Grande é um dos locais de passagem obrigatória para quem entra e sai de Lisboa.

- Jardim do Campo Grande. Foi o centro de Alvalade durante séculos. Em 1682, neste vasto espaço público, foi aberta uma Alameda. Marquês de Pombal, mandou plantar amoreiras (1771). Pina Manique mandou elaborar um projecto para fazer um "passeio público (1788). Tornou-se um espaço de festas, diversões e de desporto...

 - Feira Franca do Campo Grande. Foi criada a pedido da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja dos Santos Reis Magos (1778). Feira do Gado no Campo Grande foi a mais importante das feiras que aqui foram organizadas, surgiu em 1851(?) e só terminou em 1932.

- Pelo Campo Grande passavam os touros que se eram levados para as praças de touros, nomeadamente do Campo Santana (Campo dos Mártires da Pátria).

- Tascas. Desapareceram completamente, ainda resta o edificio da mais emblemática de todas: o  “Quebra bilhas” (séc. XVIII), mais que foi fechada para se tornar num retiro da Opus Dei.

- Palácio, palacetes, casas: Palácio Pimenta (séc.XVIII), Palacete Beltrão (séc. XVIII), casal de S. José (séc. XIX),  casa com os nºs 101-103 (obra do arquitecto José Coelho, 111), etc. Poucos edifícios antigos já restam dos que ladeavam o Jardim do Campo Grande e que suscitavam rasgados elogios dos que os conheceram.

2. Avenida do Brasil (Antiga Avenida Alferes Malheiro). 

Um dos principais eixos viários de Alvalade

Explorar:

- A avenida começou a ser aberta em 1938, quando Duarte Pacheco assume a presidência da CML e retoma a pasta das Obras Publicas.  Limitava a norte o Bairro de Alvalade que começou a ser construído em 1947.

- Fazia a ligação entre a Cidade Universitária (projeto que se começa a ser pensado nos anos 30), o Hospital Júlio de Matos (inaug.1942) e o aeroporto de Lisboa (inaug. 1942). No mesmo eixo foram construídos o Hospital S. Maria (inaug.1953).

Das antigas e belas vivendas que existiam nesta avenida restam apenas três, duas delas estão abandonadas (Junho de 2017).

Centro Escolar Republicano Alferes Malheiro (Herói do 1 de janeiro de 1891), inaugurado no Campo Grande em 1908, foi encerrado em 2015 (?).

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3. Rua Afonso Lopes Vieira (célula 1)

(R.Afonso Lopes Vieira- Rua Antonia Pusich – Rua Eugénio de Castro)

Rua A da Célula número 1 do Bairro de Avalade (8 no total).

Explorar:

- Bairro de Alvalade, planeado por Faria da Costa, com as suas 8 células sociais, foi o paradigma da habitação social em Portugal na altura. Foi alvo de uma intensa discussão no Iº. Congresso Nacional de Arquitectura (1948). A habitação social passou a ser pensada em altura (habitação colectiva).

- As células 1 e 2 foram as primeiras a serem construídas. Foram estudadas pelos arquitectos Miguel Jacobetty. Foram concebidas 9 tipos de habitação de renda económica.

Modelo de urbanismo:  a “cidade-Jardim”.

Edifícios de forma simples, com a inclusão de logradouros anexos aos edificios.

-Amplos logradouros nas traseiras dos edifícios, que permitiam atraentes percursos dentro do bairro independentes dos automóveis. A partir de final dos anos 60 os logradouros foram sendo ocupados por construções precárias, erguidos muros e vedações, começando a proliferar as lixeiras.

O financiamento destas células foi assegurado pela Federação de Caixas de Previdência, dai o nome de "Bairro das Caixas"

- Toponímica de poetas.

- Moradores nestas células: José Saramago, Paulo de Carvalho, etc.

Entrada para um dos amplos logradouros  junto à Rua Afonso Lopes Vieira.

Logradouro recentemente requalificado na Rua Afonso Lopes Vieira. É visível a barracaria que ainda subsiste no mesmo.

4. Logradouros

5. Escola de Santo António (Célula 1)

(Rua Eugénio de Castro - Rua Alberto Oliveira)

Explorar:

- Planificação dos equipamentos públicos. Cada uma das células do Bairro de Alvalade estava organizada em volta de um equipamento escolar.

- Modelo da primeira escola no bairro de Alvalade. Projecto de Peres Fernandes (proj.1945/6. Construção 1947/9).

 

6. Avenida da Igreja (célula 1 e 2)

(Rua Alberto Oliveira- Av. da Igreja- Rua Alberto Oliveira- Rua Bernarda Ferreira Lacerda)

Explorar:

- A nova centralidade

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7. Coruchéus (Célula 2)

Explorar:

- Palacetes perdidos. Coruchéus (séc. XVII ?), Condes de Vila Real (séc. XIX)

- Centro de Artes Plásticas (1971)

- Galeria Quadrum

- Abandono e recuperação ?

8. Escola dos Coruchéus

(Rua Fernando Pessoa – (túnel) - Rua Afonso Lopes Vieira- A)

Explorar:

- Escola. Projecto de Luis Xavier (proj.1946. Construção 1949/50)

- IMAVE

- Conselho Nacional de Educação

 

9.  Avenida dos EUA (célula 2 e 7)

(Rua Afonso Lopes Vieira – Rua António Patrício – Avenida dos EUA)

Explorar:

- A Avenida dos EUA foi projectada, em 1941, como um Eixo de Circunvalação de Lisboa. Começava no Monsanto e atravessava a cidade até ao Tejo, terminando junto à Doca do Poço do Bispo.

- A avenida é um verdadeiro mostruário da arquitectura e arquitectos nos vários troços:

a) cruzamento da Av.EUA-Av. Roma: Filipe Figueiredo e Jorge Segurado (1951)

b) Av.Roma-Rua Entrecampos, lado sul: Croft de Moura, Henrique Albino e Craveiro Lopes.

c) Av. Roma - R. Entrecampos, lado norte: Lucínio Cruz, Alberto Ayres de Sousa e Mário Oliveira.(1954/5)

etc.

- Consolidação do sucesso do Bairro de Alvalade

- Nova Arquitetura. Carta de Atenas

- Varandas

- O fenómeno das marquises que desfiguram por completo a arquitectura dos edificios.

10. Bairro de S. Miguel (Célula 7)

(Rua Diogo Bernardes – Praça Andrade Caminha- Rua António Ferreira – Rua Frei Tomé de Jesus ou Rua Frei Amador Arrais).

Explorar:

A Célula 7 foi concebida pelo arquitecto Miguel Jacobetty destinando-se à construção de casas de renda limitada.

- Novo conceito de urbanístico

- O fim dos logradouros?

- Escola de S. Miguel. Projecto de Ruy d`Athouguia (1949/52)

 

11. Cafés

Os cafés, desde o século XVIII, fazem parte da vida social de Lisboa. Alvalade não era nenhuma excepção. A maioria despareceram. Este percurso termina junto a quatro dos mais emblemáticos cafés de Alvalade, dos quais resta apenas um (Junho de 2017). 

 Explorar:

- Vá-vá (Fundado 1958). O nome é uma homenagem ao futebolista brasileiro Edvaldo Izídio Neto. Era um ponto de encontro de oposicionistas à ditadura, cantores (Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, etc), intelectuais (Eduardo Lourenço, etc) cineastas, etc. Foi cenário do filme "Verdes Anos" (1963) de Paulo Rocha, e "Paisagem sem barcos" (1983), de Lauro António. Painéis de azulejos de Menez (anos 60). (Fechou em 2017)

- Sul América. Ponte de encontro de escritores como Virgílio Ferreira (Fechado em 2016)

- Suprema(fechado).

- Luanda. Fundado em 1961.