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Azinhaga das Murtas / Bairro de S. João de Brito

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Num estudo recente realizado pela PSP e o SIS, a Azinhaga das Murtas, no Campo Grande, é uma das 5 zonas de Lisboa consideradas de Alto Risco. Nesta preocupante classificação destaca-se também o Bairro de S. João de Brito, na freguesia do mesmo nome, embora lhe seja atribuida um nível de perigosidade menos elevado (Expresso, 6 de Abril de 2007). 

 

Murtas

O chamado "Bairro" da Azinhaga das Murtas ou simplesmente das Murtas é revelador da forma como as diversas entidades públicas encaram a questão da integração social de grupos sociais problemáticos. Na maioria dos casos  limitam-se a realojar comunidades carenciadas ou desestruturadas esquecendo a questão da sua efectiva integração social.  

Durante anos existiu no local um problemático bairro de barracas cuja maioria dos habitantes era de etnia cigana. As Murtas foram durante as décadas de 80 e 90 um dos principais centros de tráfico de droga e de criminalidade da cidade de Lisboa.

A Paróquia do Campo Grande, com o apoio do Estado e da CML, em 2001, promoveu o realojamento no local dos habitantes deste problemático bairro de barracas. As condições de vida dos moradores melhoram consideravelmente, mas acontece que os problemas sociais persistiram, continuando as queixas do costume.

1. Tráfico de Droga. A maioria dos moradores do Campo Grande e Alvalade continua a atribuir às Murtas a origem do tráfico de droga que prolifera nestes bairros, assim como a criminalidade que lhe está associada.    

2. Assaltos a Estabelecimentos. Na zona das Murtas a maioria dos proprietários dos estabelecimentos queixa-se de continuos assaltos e agressões. O facto tem provocado a debandada de muitos comerciantes e de moradores. O comércio local está a desaparecer. O Centro Comercial Brasília foi uma das grandes vítimas deste processo. 

A onda de assaltos com origem em indviduos das Murtas provocou em 2003 e 2004 uma estranha moda nos estabelecimentos do bairro. Muitos logistas decidiram decorar as suas lojas com sapos. O seu objectivo era afuguentar os clientes de etnia cigana a quem acusavam de roubos e agressões (cfr.Público (13/1/2004). O caso acabou por ser denunciado pela comunicação social como uma manifestação racista, mas o problema dos assaltos e roubos persistiu.   

3. Roubos. As estatísticas demonstram que o Campo Grande continua a ser uma das zonas mais perigosas da cidade de Lisboa. O dedo acusador é apontado às Murtas, o que é um claro exagero.

Existe a percepção que o realojamento (Setembro de 2001) em nada mudou práticas e hábitos anteriores. Na verdade dois meses depois do realojamento as Murtas já eram notícia pelos piores motivos. Em Dezembro de 2001, uma viatura furtada nas Murtas aparece envolvida num atropelamento mortal na Av. Gago Coutinho.

Os alunos das escolas secundárias da zona queixam-se que bandos oriundos das Murtas continuam com as suas práticas criminosas.  

4. Agressões. Moradores e donos dos estabelecimentos do Campo Grande queixam-se de agressões que terão sido vítimas por parte dos moradores das Murtas, a quem acusam de agirem numa total impunidade face à Lei. Muitas destas histórias são exageradas e sem grande fundamento. Bandidos oriundos de outros bairros de Lisboa ou dos arredores da cidade tem dado o seu contributo para aumentar a má fama das Murtas. Em Agosto de 2002, por exemplo, um individuo sequestrado algures na cidade de Lisboa aparece abandonado no local.

5. Venda Produtos Roubados ou Contrafeitos. As Murtas tem sido também associadas a um verdadeiro mercado de produtos ilícitos. Em Setembro de 2003 a comunicação social dava conta que as Murtas se estavam a tornar numa verdadeira feira de produtos roubados ou contrafeitos. Alguns dos clientes deste "mercado" acabavam igualmente por ser roubados.

O que falhou ? O processo de realojamento das Murtas demonstra que não basta construir casas e realojar pessoas para acabar com os problemas da marginalidade, se não se põe em prática uma efectiva política de integração social. 

No "Bairro" das Murtas descurou-se praticamente tudo, incluindo a limpeza da zona. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) esqueceu-se de resolver questões elementares como o arranjo dos espaços envolventes das casas, criando espaços de recreio para as crianças e de convívio para os adultos. As Murtas estão rodeadas de lixo, restos de construções em ruina e viaturas abandonadas onde se acoitam todo o tipo de marginais.

Não se teve em conta a necessidade de se formarem agentes de acompanhamento da comunidade cigana, nomeadamente darem apoio à inserção das crianças nas escolas e a inserção dos adultos no mercado de trabalho. Sem este trabalho de base nenhum avanço significativo será conseguido. 

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Bairro de S. João de Brito

O chamado "Bairro de S. João de Brito" é um caso elucidativo da incúria da Câmara Municipal de Lisboa. Estamos perante um imenso bairro clandestino em plena cidade de Lisboa, rodeado de ruinas e lixo ( consultar ) . O aspecto do local é medonho. Um local ideal para todo o tipo de marginais.   

 

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Jornal do Campo Grande / Jornal da Praceta